É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
“Quando o número for atingido, ou seja, ao 11º clique, surgirá na tela um banner com o aviso ‘Você atingiu o limite de notícias gratuitas’ e o convite a se tornar assinante”, diz o texto que explica as modificações.
Alguns conteúdos não entram nessa contagem. Matérias que trazem a programação de jogos de futebol do dia, resultados de loterias e previsão do tempo seguirão com acesso irrestrito e ilimitado a todos os leitores. Também não são computadas as notícias sobre programação e novidades do cinema e aqueles que são produzidos pela BBC News Brasil. Em relação a este último, vale destacar que por se tratar de conteúdo feito pela estatal britânica de comunicação, é vedado que seu acesso esteja condicionado a algum tipo de pagamento por parte do usuário.
O debate sobre adoção dos vários modelos existentes de assinatura em jornalismo e o uso de paywall para restringir o acesso ao conteúdo àqueles que pagam para consumi-lo não é recente. A própria matéria na qual O POVO explica as mudanças lembra que o americano The New York Times e o britânico Financial Times foram pioneiros em implementar modelos de paywall na última década. No Brasil, a Folha de S.Paulo o fez em 2012, sendo seguido pela maioria quase absoluta dos grandes veículos de comunicação do País.
Não é minha intenção neste espaço me estender muito no debate se a restrição de conteúdos jornalísticos para assinantes é certa ou errada, benéfica ou nociva. Na academia, nas redações e no público em geral há quem defenda e há quem critique a adoção de paywall, com bons e legítimos argumentos em ambos os lados.
Veículos de imprensa e leitores constroem uma relação mútua de confiança. O público é a razão de existir de um meio de comunicação, cuja credibilidade está diretamente ligada à confiança a ele dispensada pela audiência fidelizada. É com base nesta troca - que acadêmicos da comunicação chamam de “pacto fiduciário” - que as empresas avaliam qual o melhor caminho a seguir de acordo com a realidade existente e traçam suas estratégias e modelos de negócio.
Mas um ponto é inegável. Do ponto de vista econômico, fazer bom jornalismo não é barato e dá muito trabalho. Entre as muitas possibilidades que um veículo tem para captar recursos, o financiamento via assinaturas é o que assegura a ele maior independência para entregar um conteúdo com a credibilidade que o leitor espera e tem direito.
Confiança é a chave para muita coisa
Quando eu falei há pouco sobre confiança mútua, está embutida também a ideia de transparência quanto aos procedimentos adotados como forma de zelo dessa relação. As mudanças promovidas pelo O POVO do acesso ao portal e a adoção do “paywall poroso” não foram comunicadas da melhor forma aos leitores.
A matéria informando os leitores sobre as mudanças foi publicada às 19h11min da última sexta-feira, 4. No entanto, aqueles que não são assinantes do O POVO, e consequentemente não estavam logados no O POVO+, começaram a “bater com a cara no muro” um dia antes, na quinta-feira, 3. Sem qualquer aviso, a pessoa entrou nas matérias que ela sempre acessou irrestritamente e recebeu o aviso de que havia atingido o limite de notícias gratuitas.
Quase centenário, O POVO está desde 1997 no ambiente digital. Portanto, quase três décadas de uma relação de confiança construída com os leitores oferecendo conteúdo jornalístico aberto, irrestrito e gratuito. Mudar isso sem comunicar previamente de uma maneira adequada não é correto.
Antes da matéria que anunciou as mudanças ser publicada, questionei a Redação por que não foi feito nenhum tipo de comunicação aos leitores do portal informando sobre as mudanças promovidas. Os diretores de Jornalismo Ana Naddaf e Erick Gumarães afirmaram que a explicação não foi publicada antes por um “pequeno ruído de comunicação” entre os setores da Redação e do Digital sobre a data de início das mudanças.
Um outro problema identificado no processo de mudança é que não foi necessário acessar 10 matérias para cair no paywall. Na quinta e na sexta-feira, bastou um clique sem estar com o login de assinante efetuado para não conseguir ler as matérias.
Nesse ponto, Ana Naddaf aponta que foram identificados problemas técnicos em uma fase considerada de teste. Erick Guimarães complementa que esses problemas estão sendo monitorados, registrados e enviados à equipe do Digital para serem resolvidos. Ambos enfatizam que o limite de conteúdos gratuito de 10 matérias é mais amplo que nos modelos adotados por outros jornais do País.
No texto, Filipe Dummar, diretor de Estratégia Digital e Novos Negócios, explica que “a assinatura do O POVO+ agora também dará acesso ilimitado às matérias do O POVO” e que “o assinante passa a ter acesso ilimitado a todo o portal e a todo o conteúdo do OP+”.
Ora, mas não já era assim antes das mudanças? O assinante O POVO+ tinha acesso ao conteúdo fechado (jornal impresso, reportagens especiais, colunistas, séries e documentários especiais) e a todo o conteúdo aberto.
Portanto, faltou clareza se o assinante terá benefícios ampliados com as mudanças. Da forma como está, ele não perdeu as vantagens oferecidas, mas também não parece ter ganhado outras novas.
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