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50 ANOS DAREVOLUÇÃO DOS CRAVOS
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

50 ANOS DAREVOLUÇÃO DOS CRAVOS

A Revolução dos Cravos pôs fim à ditadura salazarista, que governava Portugal de forma autoritária desde a década de 1930. Na sequência, iniciou-se um processo de independência das colônias portuguesas no continente africano

* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.

Rebeldes dominam a situação

Militares portugueses favoráveis a uma abertura democrática do país e um novo relacionamento entre Portugal e seus territórios africanos se rebelaram ontem contra o Governo, prenderam o primeiro-ministro Marcelo Caetano, deportaram-no para a Ilha da Madeira e instalaram uma "Junta de Salvação", composta de civis e militares, para governar o país.

Os líderes rebeldes são os generais Francisco Costa Gomes e Antônio Spinola, destituídos da Chefia do Estado Maior das Forças Armadas no mês passado, após a publicação, parte deste último, de controvertido livro sobre as colonias portuguesas. Spinola assistiu à prisão de Caetano e acompanhou-o até o avião que o conduziria ao exilio.

Quanto a presidente Américo Thomaz, continuava ontem à noite resistindo ao golpe, num quartel militar proximo as torres da Televisão Nacional, nas proximidades de Lisboa. Entretanto a situação parece definida em favor dos rebeldes. Portugueses já comemoram nas ruas a queda do Governo de Marcelo Caetano.

Marcelo caetano é presoe rebeldes dominam Portugal

Lisboa - Oficiais do Exercito se rebelaram ontem e derrubaram o Governo do primeiro ministro Marcelo Caetano, num golpe de Estado vultualmente incruente e, segundo informes, expulsaram-no para a Ilha portuguesa da Madeira.

Caetano rumou de avião para a Madeira poucas horas depois que os rebeldes anunciaram ter obtido sua renuncia, num quartel de Polícia de Lisboa cercado por tanques e tropas revoltosas.

O conservador presidente Américo Thomaz, por sua vez, continuava ontem à noite resistindo ao golpe num quartel militar proximo as torres da Televisão Nacional, em Monsanto, nas proximidades desta capital.

Muito cedo, centenas de pessoas invadiram as ruas, aplaudindo as tropas rebeldes, partidárias de teses pacifistas dos territórios africanos levantadas pelo general Antonio Spinola.

Informes sem confirmação indicam que pelo menos quatro pessoas morreram na revolta em Lisboa, incluindo um inspetor de Policia. O Jornal "O Século" disse que Spinola escoltou Caetano, sucessor de Antonio de Oliveira Salazar, até o aeroporto.

A junta militar rebelde que controla a Rádio Nacional agradeceu ao povo português por cooperar na derrubada do Governo. Acredita-se que Spinola desempenhará importante função na junta militar que se prepara para formar um novo Governo.

Caetano se refugiará no Convento do Carmo, quartel-general da Guarda Nacional Republicana, onde após resistencia durante algumas horas. Entretanto, pressionado pelos rebeldes, acabou cedendo e abrindo mão do Governo.

A Guarda Republicana, que em 1910 substituiu a antiga Guarda Municipal, é um organismo para militar encarregado da segurança e da ordem em Portugal. Cabe-lhe também a proteção de personalidades da vida pública do país, em especial do Primeiro Ministro e do Presidente da República.

Reação

Jovens em idade militar corriam ontem pelas ruas de Lisboa gritando: "Vitória" "Vitória", enquanto em outros locais os soldados confraternizaram-se bebendo vinho e lançando seus rifles para o alto. A palavra de passe nas comemorações parece ser: "Você tem um cigarro?"

"A reação foi semelhante às festas de libertação ao fim da Segunda Guerra Mundial" - disse um diplomata.

Para muito jovens portugueses em idade de prestar serviços militar, a queda do Governo Caetano foi um grande acontecimento, pois talvez não tenham mais que ser convocados para quatro anos de serviço obrigatorio, dos quais passariam lutando contra os guerrilheiros, na África.

Aclamado

Uma testemunha informou o general Antonio Spinola foi aclamado entusiasticamente por cerca de 2.000 pessoas quando se apresentou no Quartel, no setor central de Lisboa, para presenciar a prisão do homem que o havia destituido no começo deste ano, da Chefia do Estado-Maior das Forças Armadas.

De acordo com a testemunha, uma multidão concentrada na Praça Carmon aclamou Spinola com rubioso gritos de "Vitoria", pouco antes de o militar conseguir entrar no Quartel apos um assédio de várias horas. Acrescentou que a praça estava tão lotada que muitas pessoas treparam nas copas das árvores.

 

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