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30 ANOS SEM AYRTON SENNA
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

30 ANOS SEM AYRTON SENNA

O tricampeão mundial da Fórmula 1 empunhava a bandeira brasileira a cada vitória nas pistas. Faleceu aos 34 anos deixando o legado de maior segurança aos atletas da modalidade
MORTE AYRTON SENNA (Foto: O POVO.DOC)
Foto: O POVO.DOC MORTE AYRTON SENNA

* desde 1928: As notícias reproduzidas

nesta seção obedecem à grafia da

época em que foram publicadas.

Brasil chora Senna

Causou comoção em todo o Brasil a morte do piloto Ayrton Senna, 34, ocorrida ontem à tarde, quando disputava o Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1, em Imola, na Itália. O presidente Itamar Franco deverá hoje decretar luto oficial no País. Shows e atos públicos, como o comício de lançamento da candidatura de Lula à presidência da República, em Brasília, foram suspensos. No autódromo da Capital federal, também foi cancelada a disputa da Copa Ônix-Jeans de Fórmula Uno, da qual participam amigos de Senna, dentre eles o piloto Chico Serra, ex-participante de Fórmula 1. No acidente em Imola, o tricampeão mundial fraturou o crânio. Ele se chocou de frente com o muro de proteção, a uma velocidade de aproximadamente 300 quilômetros por hora. Até o momento, não ficou claro o que causou o acidente. Quando Senna chegou ao hospital, já havia perdido muito sangue.

"O esmagamento da parte frontal foi o pior de tudo", disse a dra. Maria Teresa Fiandri, Diretora do CTI do Hospital Maggiore, de Bolonha .Os pais de Ayrton, Mílton e Neide Senna, viram o acidente do filho, pela televisão, em sua fazenda de Tatuí (SP) e ficaram em estado de choque com a cena.

Corpo pode ser traslado

hoje para o Brasil

O corpo de Ayrton Senna encontrava-se ontem à noite no Instituto Médico Legal de Bolonha. O traslado para o Brasil poderá ser feito hoje, em avião da Força Aérea Brasileira colocado à disposição pelo Governo.

A última curva

Na curva de Tamburello, o piloto brasileiro Ayrton Senna derrapou para a morte. Não chegou a completar a sétima volta do circuito de ímola, na Itália, um dos mais perigosas da Fórmula 1. O final de semana negro começou na sexta-feira, com o acidente, sem maiores repercussões, do outro brasileiro Rubens Barrichello, prosseguiu no sábado com a morte do austríaco Rolando Ratzemberger e culminou com a tragédia que tirou Senna para sempre das pistas e da vida. No Brasil, choram parentes, amigos, toda a Nação brasileira, em luto oficial de três dias. O corpo do maior ídolo nacional pode chegar ainda hoje para sepultamento em São Paulo.

Morte de Senna é um golpe

no imaginário do brasileiro

Com a morte de Senna o Brasil perde um dos seus maiores símbolos para o mundo exterior. Símbolo positivos, diga-se.

Num momento em que a auto-estima do brasileiro definha, especialmente devido à perda de parâmetros ético e morais, com a inestimável ajuda que a degradação do valor da moeda provoca junto ao imaginário nacional, a morte de Senna é duro golpe. Senna era, provavelmente, ao lado de Pelé, a coisa boa que dava ao Brasil um sabor de imagem positiva no exterior.

Senna expressava um Brasil bom, o Brasil da utopia dos brasileiros. Ele era a expressão dessa utopia. Era um dos poucos refúgios da auto-estima ameaçada pelo penoso processo de degradação patrocinado por contumazes traidores da consciência e do desejo coletivo expresso nas urnas.

Os contingentes de admiradores de Senna, no mundo inteiro, na Itália, no Japão, fazem a rápida analogia. Senna é Brasil. Brasil é Senna.

Brasil?

Senna.

O mesmo sumário diálogo que se repetia há anos com Pelé. E com o café. E que se ensaia com Xuxa, no resto da América Latina e na Flórida.

Sobrou tão pouca coisa para lustrar o brio da nossa gente. A inflação sobrevive a Senna.

O que a gente quer que morra, não morre. A inflação não morre. A fome não morre. A miséria doída da massa de manobra não morre.

Senna era o nosso podium global. Agora fica longínqua a hipótese de termos nosso hino nacional reproduzido mundo afora.

O sentimento da perda - a dureza do fato - nos deixa inseguros e órfao daquelas imagens tão caras: o Hino Nacional amparando o corpo franzino e riso discreto de Senna. Uma das poucas vezes em que o brasileiro de todo o mundo se ufanava de seu país.

E agora, José?

Senna para aonde?

A ausência definitiva de Senna é um nocaute na autoestima nacional.

O povo brasileiro tem motivos de sobra para chorar. Ele está órfão de si mesmo.

Morte de Senna cobre de

luto o automobilismo

O tricampeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna, morreu ontem, após fraturar o crânio num acidente ocorrido no Grande Prêmio de San Marino. "As 18h40min (l3h30min de Brasília), o coração de Senna parou de bater", disse aos jornalistas a doutora Maria Teresa Fiandri, diretora do Centro de Tratamento intensivo do Hospital Maggiore, de Bolonha. Uma hora antes, o piloto brasileiro, de 34 anos, havia sido declarado "clinicamente" morto e era mantido vivo com um respirador mecânico. "Com os primeiros socorros (na pista), durante o transporte (no helicóptero) e no hospital, fizemos tudo o que podiamos", disse Fiandri.

Senna, que saiu na "pole position", continuava na frente, na sétima volta, quando sua Williams Renault saiu da pista na curva tamburrello do autódromo Dino e Enzo Ferrari e se chocou de frente com o muro de proteção a uma velocidade calculada em 300 quilômetros por hora. Até o momento, não ficou claro o que causou o acidente.

Uma poça de sangue podia ser vista quando Senna foi retirado inconsciente do carro. Senna recebeu os primeiros socorros na própria pista e, depois, foi levado de helicóptero ao Hospital Maggiore. Quando Senna chegou ao hospital, já havia perdido muito sangue. Segundo a doutora Fiandri, lhe foi feita uma "mini-traqueotomia" para aliviar o acúmulo de sangue nas vias respiratórias. "O esmagamento da parte frontal foi o pior de tudo", disse a doutora.

Morte trágica causa comoção em Brasília

O anúncio da morte do piloto Ayrton Senna provocou uma comoção no Autódromo de Brasília, onde alguns amigos do tricampeão de automobilismo iriam disputar a segunda bateria da Copa Onix-Jeans de Fórmula Uno. Chico Serra, ex-participante da Fórmula-1 e amigo muito próximo de Senna, foi dos primeiros a defender que a prova fosse suspensa, aceitando apenas dar uma volta simbólica pelo autódromo em homenagem ao amigo morto.

Outro amigo e companheiro da Fórmula-1, Ingo Hoffmann, estava mais revoltado. "Não quero saber o que vai acontecer com o automobilismo brasileiro, só quero entender como uma coisa dessas acontece com alguém como o Ayrton", disse.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Mauro Durante, foi o convidado pela Fórmula Uno para entregar o prêmio aos vencedores das duas baterias que seriam disputadas ontem. O Ministro entregou o prêmio ao primeiro colocado da categoria aspirado, Roberto Giorgio, e deixou o autódromo quando soube da morte cerebral de Senna.

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