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1970 TRICAMPEONATO MUNDIAL -BRASIL X ITÁLIA
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

1970 TRICAMPEONATO MUNDIAL -BRASIL X ITÁLIA

Na Copa de 1970 o Estádio Azteca estava lotado para a grande decisão. O Brasil mostrou um futebol que maravilhou o público, no México e no mundo
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* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.

22 de junho de 1970

A Taça é nossa

Coube Brasil abrir a contagem através de Pelé, colhendo um lançamento, pelo alto, de Rivelino, em cabeçada sensacional. A Itália empatou, depois de uma falha de Clodoaldo, Brito e Félix, com Domenghini fazendo 1 a 1. A virada brasileira aconteceu no segundo tempo quando Gérson fêz o gol mais bonito da tarde, seguido de Jairzinho (o vice artilheiro da Copa, 7 tentos) e, finalmente, Carlos Alberto.

O Estádio Azteca estava literalmente lotado e foi aberto às 7h e 30m, para a grande decisão. O presidente do México, Gustavo Diax Ordaz, assistiu ao jôgo e fêz a entrega, na Tribuna de Honra da Taça Jules Rimet, ao capitão da equipe brasileira Carlos Alberto Tôrres, que a ergueu, repetindo o gesto de Bellini (58) e Mauro (62), só que desta vez o Brasil levava a Taça em definitivo.

O presidente Médici assistiu a todo o jôgo no Rio de Janeiro, seguindo viagem para Brasilia, depois de fazer um pronunciamento através da Agência Nacional, congratulando-se com o feito dos jogadores brasileiros e enaltecendo a conquista da Taça Jules Rimet. Em Brasilia, recepcionará os jogadores, amanhã, quando a delegação regressar.

A próxima Copa será na Alemanha em 1974 e terá a denominação de Taça FIFA. O Brasil queria que a Taça se chamasse "Taça Pelé" em homenagem ao maior jogador de futebol do mundo.

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Brasil reina absoluto

Cidade do México, 22 - O Brasil reina hoje como o nono monarca do futebol mundial, após a espetacular vitória de ontem sôbre a Itália, dando uma brilhante demonstração de seu poderio e conquistando de forma definitiva a cobiçada Taça Jules Rimet. Contando em sua equipe com craques da estirpe de um Pelé um Tostão, um Jairzinho e um Gérson, o Brasil mostrou ao mundo um futebol de alto nivel técnico que maravilhou a 800 milhões de pessoas que assistiram ao jôgo "in loco" ou pela televisão. Jamais um título foi tão merecido quanto o conquistado pelo escrete brasileiro. Em doze jogos realizados pela IX Copa do Mundo (seis pelas eliminatórias e seis pelo turno final), o Brasil derrotou todos os seus adversários, não concedendo sequer um empate.

O jôgo

Tremendamente prejudicadas pelo precário estado da cancha do Estádio Azteca, Brasil e Itália iniciaram a peleja nervosamente. Nos primeiros minutos as equipes estudaram-se mutuamente, notando-se de início, a Itália jogando cautelosamente na defesa enquanto o Brasil mostrava-se mais descontraido.

Aos 17 minutos da fase inicial Pelé sacudiu pela primeira vez as rêdes de Albertost com uma violenta cabeçada que levava enderêço certo. Após o primeiro gol a equipe brasileira se acomodou na cancha de que se aproveitou a Itália para esboçar uma reação que culminou com o gol de empate assinalado por Boninsegna.

Segundo tempo

Na segunda etapa o Brasil voltou disposto a liquidar a fatura em poucos minutos. As jogadas fenomenais de Pelé, Gérson e Jairzinho desnortearam completamente os italianos que se viram perdidos em campo; em poucos minutos o Brasil transformou em gols sua patente e indiscutível superioridade sôbre os italianos. Aos 20 minutos do segundo tempo, Gérson, o grande "maestro da orquestra" brasileira, fêz 2x1 para o Brasil. Jairzinho aumentou para três e Carlos Alberto, o grande "capitão" da "Canarinha", fechou com chave de ouro a consagrada vitória do Brasil.

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Brasil ganhou sem violencia

Cidade do México, 22 - Segundos os observadores futebolisticos, é dificil de se medir os dados estatisticos sôbre uma campanha esportiva mundial. Entretanto, os mesmos observadores são unânimes em dizer que, do no Nono Campeonato Mundial de Futebol, o Brasil foi uma das únicas equipes que poucas infrações cometeu em todo o torneio.

O triunfo de ontem, do Brasil, frente aos italianos significa que a história do futebol latino-americano continua incólume. Nenhuma equipe européia conseguiu, em época alguma, vencer nêste continente - e o Brasil, agora tricampeão do mundo, conseguiu levar definitivamente, a taça Jules Rimet.

Começou cedo

Numa antecipação que foi a mais entusiástica prova de confiança da torcida cearense no sucesso dos jogadores nacionais, a festa da vitória começou cêdo, nas ruas, avenidas e praças, com o povo circulando a pé, em carro próprio, em ônibus ou em táxis, acenando com bandeirinhas do Brasil e cantando músicas carnavalescas, sobretudo o Hino da Seleção.

A maior concentração de populares ocorreu em frente à Televisão Verdes Mares, na Avenida Desembargador Moreira, onde o prefeito José Walter Cavalcante hasteou a Bandeira Nacional às 9 horas e em seguida cantou com milhares de torcedores o Hino da Seleção, executado por uma banda de música.

Tensão

Os festejos iniciados pela manhã entraram pela tarde, contagiando a população. A animação só arrefeceu ao se iniciar o jôgo com a Itália, quando foi substituida por uma tensão que dominou a todos.

O desenrolar dramático da partida "foi de partir corações", como falou um torcedor nervoso que assistia à competição através dos televisores públicos instalados na Praça do Ferreira. Mas, a cada avanço do time nacional ou numa sensacional defesa sua, os foguetes estouravam no ar, não só no centro da cidade, como em todos os bairros.

Na Praça José de Alencar, o vendedor de pipoca Francisco Silvério quase foi linchado, quando disse, brincando, num grupo de torcedores exaltados, que estava vibrando pela Itália.

Os locais da cidade onde se notava menos vibração, mas muito mais tensão, eram as casas dos italianos que compõem a colônia de seu Pais no Ceará. São, em sua maioria, sacerdotes, que viram o jôgo pela televisão com muita reserva e cautela.

Explosão

O trilar do apito do Juiz, encerrando a nona guerra mundial de futebol, fêz o povo explodir de contentamento, lançando-o no maior dos carnavais, a ponto de grande número não ter visto o momento em que o capitão Carlos Alberto ergueu, solenemente, a Taça Jules Rimet.

Os bares se encheram mais. Os clubes reabriram. Houve grande concentração de veículos e populares na Beira-Mar, cujo tráfego ficou congestionada por várias horas. Com fantasias improvisadas, não faltou quem se lançasse ao banho de mar.

As comemorações vararam a noite e a madrugada, contrastando com a tristeza quase fúnebre saída das casas dos poucos italianos que viram o jôgo pela televisão com muita reserva e cautela.

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25 de junho de 1970

Os campeões da amizade - Editorial

No momento em que os jogadores brasileiros aproximavam-se do palanque oficial do Estádio Azteca para receber a taça, surgiu um cartaz com os dizeres: "México, campeon de la amistad". Para todos os brasileiros êsse cartaz encerrava uma grande verdade: o México foi realmente o campeão da amizade na Copa de 1970.

Jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores brasileiros tiveram demonstrações diárias dêste fato. Em Gudalajara, a delegação nacional foi alvo das maiores atenções, de um carinho inesgotável, fazendo com que todos se sentissem como se estivessem em casa. Durante a Drealização dos partidos disputados pela nossa seleção, os brasileiros tiveram nos mexicanos uma torcida fiel e empolgante, que incentivou os craques nacionais à conquista de sucessivas vitórias.

 

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