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VISITA DO PAPAJOÃO PAULO II AO BRASIL
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

VISITA DO PAPAJOÃO PAULO II AO BRASIL

Papa João Paulo II, ao desembarcar do avião, se ajoelhou e beijou o piso de concreto do pátio de manobras da Base Aérea Militar de Brasília. Sua tarefa mais importante neste país era inaugurar o X Congresso Eucarístico em Fortaleza
OITD_19800703aa01.jpg (Foto: opovo e historia)
Foto: opovo e historia OITD_19800703aa01.jpg

* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.

30 de junho de 1980

O Papa diz que Fortaleza é o maior objetivo

O Papa João Paulo II, que chega ao Brasil às 9h30min. de hoje, desembarcando em Brasília de um DG·10 da Alitália, disse ontem na Cidade do Vaticano que sua tarefa mais importante neste país será inaugurar o X Congresso Eucarístico em Fortaleza. "O principal objetivo de minha viagem - disse - é a adoração do Santíssimo Sacramento, mistério da fé e pão da vida, em Fortaleza".

Na sua bênção semanal na Praça de São Pedro, falando aos brasileiros, disse João Paulo II: "muito obrigado, queridos brasileiros. E afirmação de esperança vossa presença aqui, na véspera de minha partida para a viagem pastoral à vossa pátria: esperança em Deus e esperança no vosso querido Brasil".

O abastecimento - Editorial

Os cálculos variam muito. Uns prevêem que Fortaleza receberá por ocasião do Congresso Eucarístico nada menos de um milhão de peregrinos; outros, mais modestos, acham que os congressistas não irão além de 500 mil. E justificam - com a ampliação do itinerário do Papa João Paulo II, que visitará outras grandes cidades brasileiras, o interesse pelo congresso diminuiu, pois muita gente pretendia vir a Fortaleza era para ver S. Santidade de perto. E se pode fazê-lo em suas próprias cidades de origem ou em cidades mais próximas, por que iria enfrentar o desconforto de uma longa viagem ao Nordeste? A coisa tem lá a sua lógica.

Seja como for, a verdade é que Fortaleza receberá um considerável contingente humano, ao qual se terá de proporcionar condições dignas de permanência aqui, por dois ou três dias. Haverá, por conseguinte, no decorrer desses dias, uma demanda adicional de produtos básicos de alimentação, além de uma grande pressão sobre os serviços públicos, principalmente os transportes e a hospedagem. O abastecimento dágua não será problema. As reservas formadas no curto período de chuvas deste ano deixam a Cagece à vontade. Mas, já o mesmo não ocorre com respeito à alimentação. Tanto mais porque o abastecimento de produtos alimentícios já experimenta dificuldades decorrentes sobretudo da frustração das safras de cereais. E a escassez de alguns produtos, como leite em pó, acrescida da reduzida oferta do leite pasteurizado, dá por si só uma idéia do que poderá acontecer com outros produtos essenciais, como a carne, no momento em boa posição; o café, o arroz, a farinha de trigo e assim por diante.

Ao que sabemos os donos de supermercados, que se haviam comprometido com a Sunab a manter a oferta em nível normal, encontram obstáculos para cumprir o prometido. A esperança de normalização reside na anunciada importação de uma grande partida do produto que estaria sendo providenciada por organismos do Governo. Os supermercados, donos absolutos do negócio, terão que multiplicar esforços para evitar que o Congresso seja comprometido por uma crise de abastecimento sem precedentes. E como se trata de um assuntos que envolve o mais genuino interesse público, justo é que os órgãos do Governo que interferem no sistema de abastecimento cuidem de formar, por seu lado, estoques de produtos básicos com o fim de conjurar qualquer crise que se esboce.

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1º de julho de 1980

Milhares em Brasilia

Brasilia - "Deus abençoe o vosso Brasil. Deus abençoe a todos vos, brasileiros, com a paz e a prosperidade, a serena concordia na compreensão e na fraternidade. Sob o olhar materno e a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil".

Esta a saudação de Sua Santidade, o papa João Paulo II, ao desembarcar ontem na Base Aérea de Brasília, após pronunciamento do Presidente da República, João Baptista Figueiredo, que saudou-o com palavras biblicas: "bendito o que vem em nome do senhor" e "seja bem-vindo a nossa casa. Ela é sua".

Já com o desembaraço de quem, pelas suas proprias contas, fez esse mesmo gesto 13 vezes, o papa João Paulo II desviou o rosto da passadeira vermelha estendida à frente das escadas do avião que trouxe de Roma para, de joelhos e apoiando-se nas mãos, beijar o piso de concreto do pátio de manobras da Base Aérea Militar de Brasília.

O Núncio Apostólico no Brasil, dom Carmine Rocco e o Arcebispo de Brasília, dom José Newton, foram as primeiras autoridades a subir as escadas do avião para saudar o Papa e convidá-lo a descer.

Figueiredo saúda João Paulo II com palavras biblicas

Ao saudar o Papa João Paulo II, ao meio dia de ontem, na Base Aérea de Brasília, o presidente João Figueiredo disse: "Estou seguro de interpretar o sentimento mais entranhado da gente brasileira ao saudá-lo com as palavras biblicas: "Bendito o que vem em nome do Senhor". No final do seu discurso, ressaltou: "Seja bem-vindo à nossa casa. Ela é sua".

Por sua vez , o Santo Padre agradeceu as palavras do Presidente do Brasil com um discurso no qual fez uma manifestação de esperança em que este País consiga superar suas atuais dificuldades "sem choques nem rupturas". Falou num português fluente, sem erros, lendo quatro páginas datilografadas, dando destaque às frases mais significativas.

Quando desceu do avião da Alitalia, o Papa João Paulo II desviou-se da passadeira vermelha e, de joelhos, beijou o piso de concreto. Cumprimentou o presidente Figueiredo, ouviu os hinos da Santa Sé e do Brasil, passou em revistas às tropas e depois pronunciou seu discurso. Em seguida, cumprimentou as outras autoridades que se perfilavam. Depois, dirigiu-se, no "papamóvel", à Esplanada dos Ministérios, onde celebrou a missa.

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Primeira missa

Brasilia - João Paulo II celebrou a primeira das 13 missas campais que oficiará no Brasil sob uma enorme cruz na ampla Esplanada dos Ministérios, no setor civico de Brasilia. Cerca de meio milhão de pessoas assistiram à missa e ouviram o Papa comparar o acontecimento com o descobrimento do Brassil pelos Portugueses em 1500. O primeiro ato do navegante Pedro Alvares Cabral foi plantar uma cruz na praia de Porto Seguro e ordenar a celebração de uma missa de ação de graças.

O pontifice disse que o Brasil tem potencial para surgir como uma potência mundial "em meio a ansiedades e incertezas" que afetam a comunidade internacional.

Mas instou os brasileiros - muitos dos quais praticam cultos de inspiração africana - a não esquecer suas raizes católicas, apesar dos obstáculos e dificuldades". Vestindo ornamentos brancos, João Paulo II leu sua homilia de um altar coberto com um tapete vermelho, ante uma multidão de mais de 500 mil pessoas que celebraram a chegada do Papa ao Brasil com um feriado oficial.

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