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48 anos da morte deMao Tse-Tung
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

48 anos da morte deMao Tse-Tung

A China que hoje conhecemos não guarda muita relação com aquela de 1976, ano em que morreria o seu principal líder, Mao Tsé Tung. Havia sinais de uma transformação em perspectiva, a partir do que ele plantou, mas era um regime muito mais fechado
Morre Mao Tsé-tung aos 82 anos. 
 (Foto: opovo.doc)
Foto: opovo.doc Morre Mao Tsé-tung aos 82 anos.

* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.

48 anos da morte de Mao Tse-Tung, em 8 de setembro de 1976, na China, aos 82 anos.

 

10 de setembro de 1976

Morre Mao Tsé-tung aos 82 anos

Tóquio - Mao Tsé-Tung, que conduziu à vitória a revolução comunista na China, em 1949 e dominou a nação mais populosa do mundo durante os 27 anos seguintes, faleceu na madrugada de ontem, segundo anunciou o Governo de Pequim. Tinha 82 anos e sua saúde não estava boa há alguns meses.

A agência oficial chinesa de notícias, "Hsinjua", informou que o fundador da República Popular da China morreu às 00h10min da manhã (hora local), "devido a uma piora de sua enfermidade, e apesar de todos os tratamentos e cuidados médicos mais meticulosos depois que ficou doente". O informe não mencionou sua enfermidade.

O anúncio da morte de Mao demorou cerca de 16horas, mais ou menos o mesmo tempo que demorou a vir a público a notícia da morte do primeiro-ministro Chou En-Lai, em janeiro passado.

Supõe-se que a morte de Mao intensificará a luta pelo poder que estremece Pequim de forma intermitente há alguns anos e que foi reiniciada com renovado vigor após a morte de Chou En-Lai.

Não se designou sucessor de Mao no cargo de Presidente do Partido Comunista chinês, que o falecido dirigente ocupava desde 1935. É provável que o primeiro-ministro Hua Kuo-feng seja o mais destacado candidato, já que foi nomeado Primeiro-Vice-Presidente do Partido quando chegou há cinco meses, ao cargo de Primeiro-Ministro. Mas esta ascensão não está muito garantida.

Outros possíveis candidatos são a viúva de Mao, Chiang Ching, lider da ala radical do Partido, seus protegidos o vice-primeiro-ministro Chang Chun-Chiao. Wang Hung-wen e Yao Wen-yuan, o vice-presidente do Partido e ministro da Defesa Ye Chien-ying e Chen Silien, comandante das unidades pequinesas do Exército de Libertação chinesa, que conta em suas fileiras com três milhões e meio do homens.

A Constituição do Partido estipula que a eleição do novo presidente seja em sessão plenária dos 159 membros do Comitê Central.

Filho de camponeses e uma das figuras revolucionárias mais destacadas do Século XX, Mao não só influiu profundamente nas vidas de seus compatriotas como também se transformou em modelo para os revolucionários de muitos paises subdesenvolvidos do mundo.

Poeta clássico, calígrafo, político, estrategista guerrilheiro e pensador audaz, encabeçou a longa luta que terminou com o triunfo do comunismo na China e depois rompeu com o Partido Comunista soviético, provocando uma desavença no movimento comunista mundial.

 

 

11 de setembro de 1976

Um nome para suceder

Tóquio - Hua Kuo-Feng, Wang Hung-Wen, Chang Chun-Chiao, Yeh Chien-Ying, Chiang Ching. Um destes nomes poderá substituir Mao Tsé-Tung no Governo da China.

A constituição do Partido, adotado em 1973, dispõe que o chefe deve ser eleito em uma sessão do Comitê Central, mas não se deve ser quando seria realizada essa reunião: especula-se que algum tipo de Governo coletivo dirigirá o país durante um período prolongado, enquanto são feitas as manobras para o poder.

China: última

Tóquio - Trabalhadores, camponeses e soldados chineses começaram a render sua última homenagem ao "Grande Timoneiro", o presidente Mão Tsé-Tung. O corpo de Mão está sendo velado no Grande Salão do Povo, em Pequim.

Um comunicado divulgado repetidamente pela Rádio Pequim, afirma que o velório continuará durante sete dias e que, posteriormente, haverá um ato solene em sua memória na Praça Tien An Men, no dia 18 de setembro.

Parece pouco provável que seja designado antes desta data um sucessor do revolucionário que ajudou a fundar o Partido Comunista chinês em 1921, que conduziu suas forças à vitória em 1949 e se esforçou sem trégua durante os 27 anos seguintes para "moldar" os chineses segundo seus ideais comunistas.

A luta pelo poder se iniciou a partir do dia 8 de janeiro com a morte de Chou En-lai, que formou junto com o Mao o grupo dirigente que governou a República Popular Chinesa desde a sua fundação.

 

 

14 de setembro de 1976

Figura controvertida - Editorial

Poucos homens provocaram tantas controvérsias em vida quanto Mao Tse-Tung - comandante da Grande Marcha que redundou, com a derrota de Kuomintang, na implantação do regime comunista da China. Tido como um dos mais destacados teóricos do marxismo, pouco anos depois da Revolução que liderou ele entrou em profunda dissenção ideológica com a Russia, que encontrava estimulos em antigas questões de fronteiras. Passou a impor, a partir de então, um estilo próprio, que ia buscar elementos de convicção na ideologia que abraçara na mocidade e na peculiar maneira de ser de seu povo.

Fez assim com que emergisse, dentro de algumas décadas de poder absoluto e tiranico, um carisma que praticamente obliterou a mente dos chineses, fechando todas as janelas - principalmente a comunicação de massas - através das quais eles visualisavam o mundo exterior. Sobrepo-se, com os seus famosos pensamentos, ao próprio acervo de cultura que provinha de um passado milenar. O absolutismo do seu pensamento sedimentou-se através da "revolução cultural", desenvolvida em diversas etapas, no decorrer das quais era denegrida em diversas etapas, no decorrer das quais era denegrida a memória não só de antigos companheiros de viagem, acoimados de "revisionistas" (o que significava dizer pro-soviéticosd) mas até de figuras que emergiam, com grandeza, do fundo dos tempos, como Confúcio.

Na morte, Mao Tse-Tung continua a provocar controvérsias. Começa que no chamado mundo comunista, exceção dos países que formam ao lado da China na dissensão ideológica com a Rússia, a sua morte mereceu acanhados registros na imprensa controlada pelo estado todo poderoso - foi o caso do "Pravda", de Moscou, que se limitou a noticiar a sua morte em quatro ou cinco linhas. Na Europa, o rei Juan Carlos, da Espanha, considerou-o um permanete modelo para o povo chinês e xá Mohammed Reza Palhevi, do Irã, acredita que ela inaugurou uma era de grandeza para a China.

Na América Latina, surpreendentemente, o Chile decretou luto oficial por tres dias, no que foi acompanhado pela Venezuela, e, os demais países, inclusive o Brasil, limitaram-se a manifestações formais de pêsames à chancelaria. Mas, em termos de opinião pública, acreditamos que foi o "Osservatore Romano", jornal oficial do Vaticano, que avançou alguns conceitos corretos sobre a personalidade de Mao. Destaca o jornal, em editoria de primeira página, que os exitos do maoismo e as conquistas sociais e econômicas da China foram conseguidas graças à rigorosa submissão de centenas de milhões de pessoas a um regime militar e policial que dependia de uma única vontade e às custas da eliminação de centenas de adversários reais ou supostos. No regime maoista - assinala - a perseguição religiosa chegou ao paroxismo. A Rádio do Vaticano observa, por sua vez, com lucides:

"SE os êxitos fossem o único critério para julgar o significado de uma vida e de uma obra a Longa Marcha seria uma das maiores epopéias da Humanidade. Mas se forem levados em conta também os métodos e os meios adotados e o sangue humano derramado, muitos serão os lados negativos e as interrogações em que se deve deter antes de um pronunciamento".

 

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