
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.
20 de setembro de 1971
1 - Carlos Lamarca, o último chefe dos terroristas, morreu durante tiroteio com fôrças de segurança, na localidade baiana de Pintada, município de Ipupiara, juntamente com o seu homem de confiança, José Campos Barreto, conhecido por "Zequinha".
2 - O corpo de Lamarca, bem como o de "Zequinha", foi transferido para Salvador, em um C-47 da FAB, onde depois de ser identificado e autopsiado no Instituto Médico Legal, baixou à sepultura, em cerimônia que contou apenas com a presença de seu irmão.
3 - Os dois terroristas foram supreendidos quando dormiam à sombra de uma árvore, tendo ambos sacado suas armas. Lamarca foi o primeiro a tombar. O outro tentou fugir, mas uma bala o atingiu quando saltava uma vala. O ex-capitão identificou-se antes de morrer.
4 - A pista dos terroristas na Bahia foi dada por José Carlos de Sousa vulgo "Rocha", que a Polícia Federal prendeu na Avenida 7 de Setembro, no centro de Salvador, no dia seis de agôsto.
Salvador - O ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, de 33 anos, que era tido como chefe do movimento terrorista brasileiro desde as mortes de Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, morreu 6a. feira, às 16 horas, num tiroteio com as fôrças de segurança na localidade baiana de Pintada, município de Ipupiara, perto do rio São Francisco. A noticia só foi liberada sábado pela manhã.
Os cadáveres de Lamarca e de seu companheiro João Campos Barreto, que morreu no mesmo tiroteio, estão desde sexta-feira a noite no necrotério Médico-Legal Nina Rodrigues, em Salvador onde estiveram ontem a tarde o governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, e o secretário de Segurança, João Figueiredo.
Os jornalistas puderam vê-los às 16 horas, mas não tiveram autorização para fotografá-los. Numa mesa de marmore da sala de necropsia, coberto por um lençol branco, Lamarca apresentava um grande hematoma no olho esquerdo e seu braço esquerdo caído para fora de da mesa, tinha a falange do dedo indicador estraçalhada. "Lamarca levou mais de quatro tiros", disse o dr. Charles Pitex, o médico legista.
Segundo a versão obtida junto às áreas de segurança, Lamarca e José Campos Barreto, o Zequinha, foram surpreendidos quando dormiam à sombra de uma árvore. "Os homens estão chegando", Zequinha gritou para o companheiro ao pressentir o cerco. Ambos sacaram suas armas. Houve um tiroteio. Lamarca foi o primeiro a tombar. Zequinha tentou fugir mas uma bala o atingiu quando saltava uma vala.
Segundo informações obtidas junto aos orgãos a pista de Lamarca na Bahia foi dada por José Carlos de Souza, vulgo "Rocha" que a Policia Federal prendeu na avenida 7 de Setembro no centro de Salvador no dia 6 de agôsto. A confissão de Rocha permitiu localizar um aparelho na rua Minas Gerais 125, bairro de Pituba, onde se encontrava a psicologa paulista Yara Iavalberg, apontada como companheira de Lamarca, desde que sua mulher e filhos se exilaram em Cuba. Dois subversivos foram presos nessa ocasião, mas Yara conseguiu fugir para o apartamento vizinho, pulando o muro da área de serviço.
Segundo informações, a psicologa suicidou-se com um tiro de revolver calibre 38, trancada no banheiro da empregada. Seu corpo ainda se encontra no necrotério do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, em Salvador.
A essa altura, 23 de agôsto, as autoridades policiais estavam cientes da presença de Lamarca no interior da Bahia. Circularam rumores de que ao saber da morte de Yara, êle ameaçou resgatar o cadáver no necrotério.
O subversivo Rocha e os dois sobreviventes do aparelho da rua Minas Gerais revelaram a existência de outro esconderijo na fazenda Buriti, perto da localidade de Brotas das Macaúbas. Um casebre foi cercado pelas fôrças de segurança e os terroristas sairam de dentro atirando. No tiroteio morreram Otoniel Campos Barreto e Luis Antonio de Santa Bárbara. Aldorico Campos Barreto ficou ferido já estando fora de perigo no Hospital da Policia Militar em Salvador. Otoniel e Aldorico eram irmãos de José Campos Barreto, o Zequinha, que morreu sexta-feira ao lado de Lamarca.
A operação de Brotas das Macaúbas estava encerrada quando as autoridades receberam a denuncia de que em Oliveira dos Brejinhos dois desconhecidos tinham sido vistos pedindo alimentos à população. Supeitava-se que fôssem Lamarca e Zequinha. Quatro equipes deslocaram-se para a região, seguindo as pegadas dos dois à base de denuncias da população.
Segundo informações, os dois terroristas, percebendo a perseguição passaram a deslocar-se em grande velocidade para despistar os agentes federais e desacreditar as informações dos habitantes da area. Lamarca e Zequinha chegaram a ser vistos quase na mesma hora em localidades diferentes distantes 70 quilômetros uma da outra. Apesar das informações contraditórias a policia comprovou que todas eram veridicas e passou a movimentar-se em velocidade igual à dos terroristas.
No dia 10 de setembro os dois foram vistos procurando um primo de Zequinha em Ibotirama. As fôrças de segurança armaram nôvo esquema concentrando-se em Carnauba Grande, onde os dois suspeitos tinham passado exaustos e famintos a caminho de Carnaubinha.
Sexta-feira uma equipe policial chegou à localidade de Pintada e deixou lá o seu veiculo com o motoristas. Os outros três elementos da equipe se dirigiram a pé para outra localidade perto, Cana Brava. No meio do caminho, cruzaram com outra equipe que vinha de Cana Brava, dela recebendo a informação de que ali não havia nada. Voltaram para Pintada. Ao se aproximarem de sua viatura o motorista lhes fâz um sinal de silêncio e apontou para uma árvore embaixo da qual dois homens dormiam.
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