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Bush ordena o cessar-fogo
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Bush ordena o cessar-fogo

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O presidente George Bush ordenou o cessar-fogo na Guerra do Golfo, 100 horas depois de ter início a ofensiva terrestre que desalojou do Kuwait as tropas iraquianas. Em discurso pela televisão, na noite passada, ele disse que "o Kuwait foi libertado. O Exército do Iraque está derrotado e nossos objetivos militares foram alcançados." Acrescentou que a suspensão definitiva das hostilidades dependeria do Iraque, que terá de acatar todas as 12 resoluções do Conselho de Segurança da ONU referentes à Guerra do Golfo. Gritando de alegria, os kuwaitianos saíram ontem às ruas de sua capital para comemorar o fim da ocupação iraquiana. As tropas aliadas encontraram uma cidade devastada, saqueada e sem eletricidade.

Multidão festeja a libertação

Cidade do Kuwait - Gritando de alegria, centenas de kuwaitianos acorreram ontem às ruas da Capital do País para receber a frente aliada que chegou ao Centro da cidade depois da retirada das forças iraquianas. As tropas encontraram uma cidade devastada, saqueada e sem eletricidade, obra das tropas iraquianas em retirada, que fugiram após sete meses de brutal ocupação. Forças especiais dos Estados Unidos e da Arábia Saudita foram as primeiras a entrar ontem na cidade.

Jornalistas norte-americanos que chegaram terça-feira à noite, antes das tropas aliadas, encontraram uma cidade às escuras e deserta em muitos lugares. As ruas estavam cheias de carros incendiados, veículos blindados, armas e capacetes abandonados pelos soldados iraquianos. "O Kuwait volta a ser nosso", afirmou Fád Waled Jassar, membro da resistência kuwaitiana. "Me sinto honrado ao anunciar a liberação da Capital do Kuwait pelas forças irmãs e amigas, das garras do agressor usurpador", disse o general Ammé El-Khalid, comandante das forças árabes e islâmicas.

Kuwaitianos no quartel general da resistência afirmaram que centenas de iraquianos estão escondidos na cidade. Mas não houve uma tentativa organizada para evitar a entrada dos aliados na cidade. Alguns membros da resistência têm em seu poder prisioneiros iraquianos. Na madrugada de ontem, soldados das forças especiais norte-americanas e sauditas, junto com membros da resistência, percorreram a cidade em busca de combatentes iraquianos. Disparos ocasionais foram ouvidos, apesar de, aparentemente, terem sido dados, em sua maioria, por soldados entusiasmados e membros da resistência, que comemoravam a libertação com tiros para o ar.

Os membros da resistência, testemunhas e autoridades kuwaitianas narraram com detalhes as atrocidades cometidas pelos soldados iraquianos. "Nos matavam sem qualquer motivo e nos perseguiam", contou Mádi Al-Kallaf, membro da resistência. "Batiam em nossas portas e levavam nossos filhos e nossa comida, como monstros. Dedicavam-se a nos matar. Não sabemos o porquê". Acrescentou que presenciou várias execuções. "Vi muitas, muitas delas foram horríveis".

Os moradores da Capital kuwaitiana disseram que grande parte dos danos foi causado na segunda-feira à noite. O Palácio do Emir está em ruínas. Os hotéis localizados na orla foram incendiados e os bairros elegantes, símbolo da riqueza petrolífera nacional, foram saqueados. Os principais prédios foram destruídos e incendiados, e as lojas saqueadas. A água corrente era pouca.

Reconstrução pode chegar a US$ 60 bi

Londres - O Kuwait não liquidará seus principais investimentos no exterior para financiar sua reconstrução, reiterou ontem o Ministro das Finanças, xeque Ali Kalifa Al-Sabá, em uma entrevista a Rádio BBC de Londres. O xeque Ali prometeu que o Kuwait se comportará como um investidor responsável, preocupado com a estabilidade dos mercados financeiros na administração de seus vastos ativos no exterior, estimados em 100 bilhões de dólares.

As estimativas sobre o custo da reconstrução do País - que poderá chegar aos 60 bilhões de dólares - criaram temores nos círculos financeiros de que o Kuwait liquidará seus bens no exterior. A agência de investimentos kuwaitianos (Kio) possui 9,8% de british petroleum, 10,5% de midland bank e 14% de daimler benz.

Segundo o xeque Ali, o Emirado tem suficiente liquidez para enfrentar as prioridades imediatas, que consistem na restauração dos serviços públicos fundamentais (água, eletricidade e hospitais). Em uma entrevista dada no domingo passado ao semanário britânico Independent on Sunday, o Diretor-Geral da Direção de Investimentos Kuwaitianos (Kia), Abdullá Al-Gabandi, indicou que uma "opção muito séria" para financiar a reconstrução e o lançamento de empréstimos internacionais. Assegurados pelos futuros ingressos em petróleo.

02 de março de 1991

Fogo em poços será extinto em dois anos

Houston (EUA) - Os peritos levarão de um a dois anos para apagar todos os incêndios ateados na semana passada nos poços perolíferos do Kuwait pelos soldados iraquianos em fuga, disse ontem T. V. O'Brien, Presidente da O'Brien Goins Simpson Inc., de Midland, Texas. Ele previu também que serão precisos quatro anos para substituir todo o equipamento destruído e fazer a indústria petrolífera kuwaitiana voltar ao que era antes da invasão de 2 de agosto.

Sua firma de consultoria está coordenando os esforços de quatro empresas especializadas em extinção de incêndios contratadas para apagar entre 580 e 590 incêndios nos campos petrolíferos do Kuwait. Fawzi al-Sultan, um funcionário kuwaitiano que coordenou o planejamento do programa de 45 bilhões de dólares para a reconstrução do Kuwait, destinando 25 bilhões da verba ao setor petrolífero, estimou que talvez sejam precisos quatro anos para extinguir os incêndios a uma razão de 10 poços por mês. "Duvido seriamente que seja preciso todo esse tempo" disse O'Brien em entrevista telefônica.

Observando que nenhum dos peritos em incêndio havia examinado os poços, O'Brien disse: "Minha previsão é de que o fogo pode ser apagado entre um e dois anos". Estimou também que as instalações petrolíferas do Kuwait podiam ser restauradas num espaço de um ano a um ano e meio. O Kuwait tem mais de 1.300 poços, o que significa que mais da metade escapou ao fogo e poderá voltar a produzir com relativa presteza.

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