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Luta heroica para evitar a propagação do incendio
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

Luta heroica para evitar a propagação do incendio

* desde 1928: As notícias reproduzidas

nesta seção obedecem à grafia da

época em que foram publicadas.

Tôda Fortaleza acompanhou, presa da maior emoção, quer das imediações do local do fogo, quer através das descrições feitas pelas emissoras radiofônicas, o maior incêndio já registrado em nossa capital e que reduziu a escombros os edificios do Majestic (exceto a parte do cinema que dá para a rua Barão do Rio Branco) e das Lojas Brasileiras, ou seja, as "4.400".

Ação das autoridades

Tão logo tomou conhecimento do sinistro, o Ten. Cel. Murilo Borges Moreira, Secretario de Policia e Segurança Pública, entrou em entendimentos com Governador Paulo Sarasate, passando em seguida a articular-se, com celeridade e eficiência, com General Emilio Maurell Filho comandante da Décima Região Militar, e os comandantes da Base Aérea de Fortaleza e das corporações militares do Estado.

Essas autoridades federais, sem perda de tempo, puseram ao inteiro dispor do titular da Policia continentes de tropa e a secção de bombeiros da Aeronáutica, numa mobilização de recursos e providências de muita importância no desenrolar dos dramáticos acontecimentos que seguiram.

Luta contra as chamas

As chamas que lavraram dos prédios queimados ofereciam espetáculos verdadeiramente dantesco. Podiam ser vistas, dentro da noite, a quilometros de distância. A cem metros do local, sentia-se o forte calor das mesmas desprendido. Os heroicos soldados do Corpo de Bombeiros, auxiliados por elementos do Exército da Aeronáutica, da Policia Militar, da Guarda Civil e da Inspetoria do Trânsito, desenvolveram luta titânica contra as labaredas, que se elevavam a mais de cinquenta metros de altura, ao mesmo tempo que arremetiam, com fúria, para os lados, através da abertura da janelas devoradas. Parecia tal a intensidade das chamas que a impressão dominante nos circunstantes (que observavam a distância) era a de que os soldados do fogo seriam impotentes para debelar o fogo, que ameaçava seriamente se alastrar pelos demais prédios do quarteirão. E como se sabe, os edificios queimados estavam imprensados entre duas das maiores farmácias de Fortaleza ( a "Osvaldo Cruz" e a "Pasteur"). Ora, na hipótese de as chamas atingi-las tudo faz crer que nada as debelaria, dada a grande quantidade de inflamáveis (álcool, ácidos, etc.), existentes nos citados estabelecimentos.

O incêndio começou no edifício do "Majestic"

Tão logo se espalhou a noticia do pavoroso incendio, ocorrido ontem, diversas versões se formaram em tôrno da origem do fogo que sinistrou os prédios da Loja Brasileira e do Majestic. Entretanto, ninguém podia afirmar com segurança de onde haviam partido as chamas. No sentido de fazer luz sôbre o palpitante assunto, ouvimos, hoje pela manhã, a senhora Maria Augusta Galvão, sub-gerente das Lojas Brasileiras (4.400) e o funcionário Valfrido Matias as primeiras pessoas que tomaram contacto com o fogo. D. Maria Augusta, que há 18 naos trabalha naquela firma, é a encarregada de abrir e fechar o estabelecimento.

O predio rendia pouco mais de oito mil cruzeiros de alugueis

Teve um fim trágico o velho tradicional "Edificil Majestic". Devorado pelas chamas, o casarão hoje nada mais é do que um montão de ruinas entre quatro paredes que resistiram à violência das Labaredas.

A historia do Majestic

Um teatro de Catalunha, na Espanha, serviu de modelo ao Edificio que Placido Carvalho começou a levantar em Fortaleza, em 1915, construindo predio de mais de dois andares na praça do Ferreira. O cearense muito viajado, idealizou para a sua terra um teatro que encerrasse a beleza do que vira na Catalunha. Durante muito tempo o edificio dominou o ambiente foi preciso que o mesmo espirito empreendedor de Placido levantasse o Excelsior, em 1930, para o Majestic ficar em segundo plano.

Inaugura em 1917

O "Majestic", como casa de espetáculos, foi inaugurado a 14 de julho de 1917, com a presença da artista italiana Fátima Mires. No vestibulo há uma placa comemorativa. Durante muito tempo, o "Cine-Majestic" foi a principal casa de diversões da capital, reunindo, aos sábados e domingos, a elite social de Fortaleza. Aos poucos, porém, foi perdendo sua importância. O cinema transferiu-se para a rua Barão do Rio Branco, o salão principal foi alugado para lojas e os andares superiores transformados em casa de cômodos.

A construção

Todo de alvenaria, o "Edifico Majestic" foi construido em pouco menos de dois anos. Ainda não se empregava o cimento armado e o piso dos pavimentos era de madeira. A sua atual proprietária, dona Pierina Hinko, não sabe quanto foi gasto na construção. Pode-se calcular, porém que as despesas não chegaram a mil contos.

A sentinela da cidade - Editorial

Nero tinha de certa maneira razão. Sedento de sensações cada vez maiores, mandou tocar fogo em Roma, para deslumbrar-se com o espetáculo.

De fato, um incêndio como de ontem, em pleno coração da cidade, e nas preocupações e violência que o caracterizam, é o trágico-belo de que tanto se fala.

O "Majestic" nunca foi, na tradução do próprio nome, tão majestoso. Teve, indiscutivelmente, um fim adequado ao seu fim, isto é, um epílogo de Teatro.

Casa de espetáculos, o último que deu foi êsse a que Fortaleza inteira assistiu, quer de perto, quer á distância, pois que o seu clarão derradeiro, a feérie da sua ribalia, na cena final, foi vista de tôda a cidade, até do "galinheiro" ou torrinhas dos subúrbios…

Quantos artistas não passaram por seu palco! Que mundo de espectadores não frequentaram seus salões! Quantas platéias de quantas gerações não o lotaram, atos a fio!

Ontem, êle mesmo desempenhou o seu papel dentro da eventualidade sinistra do seu destino. E o povo que acolhia ficou, dessa feita, de fora, cedendo os lugares antigos ás chamas devoradoras que, em esgares de mãos nervosas, pareciam bater palmas abafadas a um passado de glórias efêmeras mais inesqueciveis…

O "Majestic" foi inaugurado a 14 de julho de 1917, queda da Bastilha.

Quem é que ainda se lembra da Fátima Miris? Do Espelho Quebrado? Da violinista, sua irmã?

Como os tempos passam!

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