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O samba sem Noel
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

O samba sem Noel

Há 88 anos morria Noel de Medeiros Rosa, no dia 4 de maio de 1937. O músico era considerado o criador do samba

* desde 1928: As notícias reproduzidas

nesta seção obedecem à grafia da

época em que foram publicadas.

No último dia quatro, por ocasião do 40º aniversário da morte de Noel Rosa, foi realizada uma réplica da missa de sétimo dia de sua morte.

A missa realizou-se na mesma igreja e foram executadas as mesmas músicas que foram executadas na missa de sétimo dia, entre elas "Nuvem que passou" e "Com que roupa?".

A missa realizou-se na Igreja de São Francisco e foi musicada pelo maestro Arnold Gluckmann (parceiro de Noel em algumas peças teatrais), iniciativa dos amigos e admiradores de Noel.

"No tempo de Noel Rosa"

O livro de Almirante (Henrique Foreis Domingues), "No Tempo de Noel Rosal publicado em 1963, foi agora, após melhorado e aumentado, publicado em sua segunda edição, que será lançado amanhã dia 9/5/77, no teatro Opinião. Nossos parabéns a Almirante pela importância da obra e parabéns ao público pela oportunidade de ter em mãos mais um trabalho sério sobre o "cantor da Vila".

Orgulhou-nos o fato de saber citado no livro nosso modesto nome, por pequeníssima colaboração na discografia de Noel, publicada no livro (Nirez).

3 d e maio de 1987

O poeta vive - 50 anos

Amanhã completa meio século que, com apenas 26 anos de idade, passava para o lado do silêncio, um dos compositores mais talentosos que o Brasil já possuiu. Noel de Medeiros Rosa, que deixou para o nosso cancioneiro popular criações imortais como: "Com que roupa", "Conversa de botequim", "Dama do cabaré", "Feitiço da vila", "Feitiço de oração", "Filosofia". "Gago apaixonado", "Linda pequena". "Onde está a honestidade", "Palpite infeliz", "Pierrot Apaixonado", "Quando o samba acabou". "Três apitos", só para citar treze, algumas feitas apenas por ele e outras ao lado de seus inúmeros parceiros.

O outro Noel

Noel Rosa ficou conhecido como "O Poeta da Vila" por seus magistrais versos, por sua filosofia, por ser um cronista na música popular e por ser considerado mais poeta que compositor. Também ficou conhecido como o parceiro de Vadico ou de outros nomes como Lamartine Babo e Ismael Silva. Mas Noel era, além de grande letrista, excelente melodista e bom cantor.

O cantor

Na época de Noel o cantor tinha que, além de cantar, ter bonita e possante voz e por isto ele não foi considerado bom cantor, mas as músicas por ele interpretadas nunca conseguiram melhor gravação até hoje, como "Com Que Roupa?", "Arranjei um Fraseado", "Conversa de Botequim", "Coração", "Cordiais Saudações. "Gago Apaixonado", "Malandro Medroso", "João Ninguém", "Mulher Indigesta", "Provei" (em dupla com Marília Batista), "Quem dá Mais?", "Coisas Nossas" e "Você Vai se Quiser" (também com Marília).

4 de maio de 1997

O gênio Noel Rosa - 60 anos

Noel Rosa morreu cedo. Tinha apenas 26 anos. Foi vítima dos prazeres e das paixões. Pela música, pelas mulheres e pelo álcool. Era um homem da boemia e cantava os becos da Lapa, as ruelas de Vila Isabel, a movimentada e prolífica vida noturna carioca dos anos 30. Há 60 anos, na noite de 4 de maio de 37, sucumbia à tirania da tuberculose um dos catalizadores do samba, gênio de sua época. Produziu em apenas oito anos de carreira um repertório de cerca de 230 composições, algumas delas clássicos memoráveis que até hoje enriquecem repertórios dos intérpretes. Seu nome está gravado entre os grandes compositores brasileiros de todos os tempos.

Apesar do talento nato, a trajetória de Noel de Medeiros Rosa é marcada por dramas e tragédias desde seu parto. Veio ao mundo no dia 11 de dezembro de 1910 a fórceps, o que resultou em fratura, afundamento no malar e uma ligeira paralisia facial do lado direito. Nem mesmo duas operações, uma aos seis outra aos 12 anos, conseguiram corrigir o defeito que o impedia de comer publicamente, dificultava o tratamento dentário e lhe garantia um mau hálito crônico. E, principalmente, sua aparência 'monstruosa' gerou um trauma psicológico que, para muitos, justificava sua fuga para o álcool.

Noel Rosa teve boa educação. As primeiras letras foi sua própria mãe, a professora Marta de Azevedo, a responsável. Aos 13 anos, Noel passou a freqüentar colégio e também começa a se interessar por música, aprendendo a tocar bandolim de ouvido, instrumento que logo trocou pelo violão por influência do pai, Manuel Medeiros Rosa, e de amigos que freqüentavam sua casa. Aos 15 anos, já dominando o violão, passou a participar das serenatas pelas ruas de Vila Isabel.

Noel Rosa morreu, segundo dizem, batucando os dedos na mesa de cabeceira. Uma série de homenagens se seguiu após sua morte. Mas seu repertório ganhou sua obra mais importante quando Aracy de Almeida - sua principal intérprete nos últimos anos de vida - gravou em 1950, pela Continental, um álbum exclusivamente com composições de Noel. Todas presentes na memória musical brasileira até hoje.

6 de maio de 2007

Malandro da Vila - 70 anos

Nos fundos de um chalé de madeira no bairro carioca Vila Isabel, deitado na cama da alcova, ele recosta a cabeça no colo de Lindaura. Busca aconchego. Suspira. Ela cutuca o esposo, mas ele já não mais responde. Não mais faz graça, nem tira onda, nem bebe cerveja, nem cantarola, nem dedilha o violão. Nem mais noelroseia. Na casa de frente, um chorão chamado Vicente Sabonete comandava uma festança. Anos depois, esses últimos momentos de uma vida seriam recontados de forma mítica, envoltos pela fantasia criada ao redor do homem-mito-sem-queixo: do pulmão boêmio de Noel Rosa, a última lufada de ar teria se esvaído ao ouvir De Babado, tocada pelos vizinhos festeiros. Doente de tuberculose, ele teria usado seus últimos instantes pra batucar, na cama de madeira, seus versos sobre o vestido de babado de um amor ideal... Mas nem foi assim. Noel de Medeiros Rosa morreu, num dia escuro de 4 de maio de 1937, como um passarinho. Feito um tangará novinho que, de repente, perde o ar. E foi no silêncio dos fundos da casa da Rua Teodoro da Silva, no mesmo quarto onde nascera 26 anos antes.

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