Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Mais uma celebração do Natal se aproxima. Tem sentido celebrar o natal em um mundo escuro e em tempos tão difíceis? Basta despertar os sentidos e perceber os desafios que afetam a vida das pessoas em todas as esferas. Tempos de instabilidade e crises globais com conflitos que geram destruição e deslocamentos de pessoas.
Crises econômicas que geram desemprego, desigualdade social, dificultam a sobrevivência e acentuam as diferenças. Mudanças climáticas, catástrofes naturais, degradação ambiental e falta de políticas eficazes criam insegurança e sofrimento para milhões de pessoas.
Perda de valores que geram individualismo, resultando em isolamento e indiferenças às necessidades dos outros. Ausência de confiança em instituições, governos, igrejas e até mesmo nas relações interpessoais. Polarizaçõese intolerância que favorecem divisõespolíticas,culturaise religiosas,dificultando o diálogo.
Além das crises existenciais que geram solidão e desamparo, as pessoas se sentem desconectadas num mundo hiperconectado. Por fim, desesperança, ausência de perspectiva geram desânimo e a sensação de que os problemas são insuportáveis, afetam a saúde mental trazendo a depressão e ansiedade.
Em tempos de crises econômicas, emocionais, conflitos, perdas e incertezas, o Natal nos convida a olhar para o essencial: amor, solidariedade, fé, e nos relembra que a luz não depende das circunstâncias externas, mas pode surgir do coração humano que escolhe acreditar e agir.
O Natal é uma oportunidade de ressignificar sua essência. As festas natalinas são marcadas por consumismo e distrações que obscurecem o verdadeiro significado da data. No cristianismo, o Natal celebra o nascimento de Jesus, descrito na Bíblia como “a luz do mundo” (João 8:12).
Essa metáfora remete à ideia de que a chegada de Jesus vem iluminar a escuridão da humanidade, oferecendo direção, redenção e amor. Mesmo nas dificuldades, há luz, há esperança. Belém nos ensina que Deus age nos momentos mais improváveis e nas situações mais difíceis.
A luz que Jesus traz ao mundo não é para ser contemplada à distância, mas para iluminar as nossas vidas e trazer mudanças. Estamos dispostos a deixar que essa luz transforme nossos corações? Estamos vivendo como filhos da luz, sendo instrumentos de paz, perdão e amor?
Celebrar o Natal em tempos escuros é, em si, um ato de resistência. É um ato de fé, que nos impulsiona a acreditar que dias melhores virão. É dizer com toda força do coração, o que o poeta Thiago de Mello escreveu: “Faz escuro, mas eu canto, porque a manhã vai chegar”.
Feliz Natal!
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