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Família cristã: um refúgio de amor, graça e discipulado
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Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba - PR

Família cristã: um refúgio de amor, graça e discipulado

Nas Sagradas Escrituras, desde o livro do Gênesis, somos chamados a compreender o papel do homem e da mulher como complementares. Ambos devem estar preparados, curados e equilibrados para um relacionamento saudável.
Jesus nasceu na cidade de Belém, cerca de 112 quilômetros distante de Nazaré, cidade onde Maria e José residiam. (Foto: Reprodução/Adobe Stock)
Foto: Reprodução/Adobe Stock Jesus nasceu na cidade de Belém, cerca de 112 quilômetros distante de Nazaré, cidade onde Maria e José residiam.

No mês de fevereiro, a Igreja Católica traz como temática a Sagrada Família, pois foi nela que Jesus viveu antes de começar a sua vida pública, o modelo e o ideal de toda família humana.

Aproveito para refletir sobre os valores que devem nortear a vida familiar, com destaque para a figura do casal, que é o elo fundamental de toda a estrutura familiar. O casamento, como sacramento, representa o compromisso de amor, respeito e fidelidade, que serve de base para o fortalecimento das relações entre os membros da família.

Assim como a Sagrada Família, a família cristã católica é chamada a ser um testemunho de vida, vivendo de acordo com os ensinamentos da Palavra de Deus. Não são necessárias grandes coisas para ser discípulo de Jesus, na família. Quando o marido é um bom esposo e pai, a esposa é uma boa mãe, e os filhos formam um elo de unidade e cumplicidade, a família se torna uma verdadeira expressão do amor divino. O mundo precisa disso.

Nas Sagradas Escrituras, desde o livro do Gênesis, somos chamados a compreender o papel do homem e da mulher como complementares. Ambos devem estar preparados, curados e equilibrados para um relacionamento saudável. Claro, ninguém é perfeito! Não devemos esperar a perfeição para nos entregarmos ao matrimônio. Precisamos pedir a Deus: "Senhor, quero estar curado para entrar em um relacionamento."

Deus tirou a carne da carne, não devemos cair na teoria de que a mulher é inferior, porque foi criada posteriormente. O Gênesis revela a igualdade entre Adão e Eva, mostrando que, na criação, nada era completo até que ambos se unissem, sendo imagem e semelhança de Deus. Parece que isso se perdeu ao longo do tempo.

Muitas pessoas têm medo de casar-se por carregar o estigma de que o casamento será infeliz. Elas já não acreditam mais na felicidade a dois e pensam que é melhor ser solteiro, "ficante", ter relacionamentos passageiros, namoros aqui e ali, do que assumir um compromisso. Contudo, casamento dá trabalho, família dá trabalho, ser padre dá trabalho, ser celibatário também exige esforço. Mas a grande questão é: o que queremos para nossa vida? Lembremos de uma coisa: está na essência do ser humano o desejo de amar. A solidão não faz parte da nossa natureza.

Quando tentam pegar Jesus de forma sorrateira, como é descrito no Evangelho (cf. Mc 10, 2-12), perguntando sobre o casamento, ele explica: "No começo, não era assim". Moisés já havia dado um passo importante em defesa do casamento, pois, antes dele, as pessoas se divorciavam por qualquer motivo. Se o marido não gostasse da expressão 'azeda' de sua esposa ao acordar, ele se divorciava.

Moisés então deu um passo, protegendo as mulheres, dizendo que não seria aceitável o divórcio por qualquer razão. Era necessário, então, escrever uma carta explicando o motivo. Mas Jesus vai além e diz: "no início, Deus não queria o divórcio". Ele remonta à essência do Gênesis, quando o homem e a mulher se tornam uma só carne. Por isso, a preservação da família é tão importante.

A Igreja tem como missão dar suporte emocional aos casais, para que não cheguem ao extremo do divórcio. Não se trata de insistir em um discurso de condenação ("é pecado, é pecado"), mas sim de incentivar os casais a se nutrirem de Deus, do perdão e dos valores cristãos, pois assim a família permanecerá unida. Porém, quando os casais se afastam de Deus, se fecham ao diálogo e não praticam o perdão, a separação se torna inevitável.

Deus, desde o início, criou o homem e a mulher para a felicidade. É possível ser feliz no matrimônio. O casamento é uma bênção, e os filhos são dons de Deus. Envelhecer juntos não é apenas romantismo, mas uma decisão diária de amar, de ser resiliente nas dificuldades, de perdoar os erros do cônjuge e de valorizar mais as qualidades do que os defeitos. Também é essencial abandonar a comparação com os estereótipos de beleza.

Cada pessoa tem sua própria beleza. A comparação nunca traz benefícios. Decidir amar todos os dias, vendo as rugas aparecerem e as fragilidades surgirem, é escolher amar verdadeiramente aquele com quem você decidiu envelhecer lado a lado.

Que a Sagrada Família de Nazaré, abençoe todas as famílias!

Foto do Padre Reginaldo Manzotti

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