
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
A tragédia do Rio Grande do Sul escancara dois problemas que precisam ser encarados politicamente. Um deles tem a ver com as práticas destrutivas de parte dos ruralistas tanto na exploração predatória dos solos e das águas como no desmonte da legislação ambiental e das ações públicas voltadas para a proteção social. Esta estratégia agressiva de controle privado do Estado se faz presente tanto no plano do congresso nacional como no dos parlamentos estaduais. O caso gaúcho é típico como mostra a ação inconsequente do governo estadual desmontando politicas de preservação ambiental nos últimos anos.
O segundo problema revela o fato óbvio de que a reconstrução da região exige mobilizações reais de organizações governamentais e não governamentais e comunidades de indivíduos no planejamento e na implementação de ações articuladas nos meios urbanos e rurais. Esta reconstrução não pode ser feita de improviso, por exemplo, por negacionistas e oportunistas hábeis em produzir narrativas fictícias visando criar um clima artificial de crise que apenas beneficia grupos de rentistas e egoístas. Mas o negacionismo não funciona quando o sistema social colapsa e exige sacrifício coletivo. Nesses casos, essas narrativas revelam suas verdadeiras naturezas violentas e patológicas e as tentativas de desestabilizar a governabilidade democrática para forçar uma saída autoritária podem ser um tiro no pé. Como diz o velho ditado "mentira tem pernas curtas", ou seja, logo ela é descoberta quando as intenções sombrias são desveladas.
Reconstruir casas, estradas, equipamentos públicos e serviços de saneamentos não se faz com fake news, mas com planejamento e recursos públicos e com acordos suprapartidários. Reconstruir exige dos governantes ações firmes e pragmáticas. A reconstrução, exige normalidade institucional, territorial e econômica. Assim, é importante que as forças democráticas superem suas diferenças em favor de pactos lúcidos que permitam as eleições de representantes populares legítimos e que sejam responsáveis nas tomadas decisões necessárias à reconstrução do país como um todo. n
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