
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Nos anos noventa, teve boa aceitação a tese do sociólogo A. Touraine de que os novos movimentos sociais estariam se emancipando no contexto das transformações da modernidade. Para ele, estes novos movimentos não se limitariam mais aos conflitos estruturais relacionados à exploração econômica. Agora, estas mobilizações seriam motivadas por lutas diversas por reconhecimentos e direitos em diferentes sociedades. De fato, estes novos movimentos, como os feministas, antirracistas, estudantis, ambientalistas entre outros, contribuíram para ativar o imaginário cultural, ampliando o leque de lutas tradicionais conduzidas por sindicalistas, camponeses e corporativistas. A América Latina apareceu como um campo de observação privilegiado para se estudar estas mobilizações coletivas.
No presente século XXI, com os chamados governos das esquerdas na região, pareceu que a diversidade se afirmaria com categoria sociológica irreversível nos avanços das lutas emancipatórias. Mas, aos poucos, parte expressiva da opinião pública foi mudando de rumo. Observamos, progressivamente, o deslocamento das energias políticas das esquerdas para as direitas. Este tsunami do poder fez emergir tendências populistas autoritárias articuladas internacionalmente, catalisando as frustrações existenciais das massas.
Os novos movimentos sociais, por sua vez, não conseguem superar a etapa da afirmação identitária monológica para montar uma coalizão popular transversal em favor da experiência democrática pluraL. O momento exige, então, desprendimento político, moral e afetivo para se construir narrações comuns em torno da justiça social, do direito de viver juntos com dignidade e em paz.
Há boas ideias sobre um novo humanismo comunitário que precisam ser discutidas a sério como aquelas do Manifesto Convivialista. Por um mundo pós-neoliberal (2022), que revela ampla mobilização internacional. O programa defende a atualidade do convivialismo, ou da arte de viver juntos, como condição para se reinstituir a utopia da esperança. Mas isto somente tem sentido, diz o texto, se pudermos nos reconhecer em todos os lugares a partir do sentimento comum da extrema urgência de enfrentar "as múltiplas ameaças que pairam sobre a Humanidade".
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