Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Matéria recente da imprensa acentua as divergências de opiniões sobre a gestão Lula 3.0. Por um lado, pesquisas revelam um aumento na reprovação ao governo no mercado financeiro, pelo chamado grupo da Faria Lima. O índice de rejeição, que era de 64% em março, "teria saltado para 90% entre gestores, economistas, analistas e operadores de fundos de investimento". Por outro lado, segundo dados divulgados pelo IBGE, o PIB teve alta de 4,0% e o Brasil acumula crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023.
Esta aparente contradição revela algo que extrapola mero debate entre economistas para trazer à tona uma questão politica fundamental: os desafios de organização do Brasil como potência mundial de tipo intermediário com certa autonomia para definir seu próprio destino. O embate é entre um governo com compromisso ecodesenvolvimentista e uma oligarquia financeira internacionalizada voltada apenas para a maximização dos ganhos especulativos sem preocupações sociais.
Em geral, a opinião pública fica indiferente a este quebra de braços na medida em que tem os olhos voltados para o acesso a bens de consumo materiais e simbólicos que preencham o vazio existencial de um mundo cada vez mais distópico. Políticos, militares e segmentos burocráticos, em geral, também se voltam apenas para os interesses corporativos e não muito nacionalistas.
Apesar de tudo, há aqueles segmentos do empresariado, das classes médias, da mídia, dos intelectuais, dos políticos, de religiosos e dos movimentos sociais que insistem com o sonho de um país autônomo. Então, a Faria Lima está assustada com a possibilidade de perder o controle sobre a gestão monetária.
Pois isto leva ao inevitável embate sobre os fundamentos da dívida estatal e da relação entre despesas orçamentárias correntes e despesas com pagamentos de juros pelo tesouro nacional ao sistema financeiro. No centro da briga está a questão de saber quem vai administrar o Banco Central: governo Lula ou banqueiros?
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