
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Por motivos estranhos alguns analistas buscam caracterizar os ataques das big techs ao ministro Moraes do STF (Brasil) como sendo uma disputa sobre quem tem mais poder legítimo na definição moral, política e jurídica das narrativas divulgadas pela internet: o mercado de tecnologias? ou os estados nacionais?
As big techs se insurgem contra a regulamentação das plataformas digitais pela justiça brasileira, reivindicando uma radical liberdade de expressão que é sintoma da patologia do anarcocapitalismo.
Por isso, elas tendem a apoiar a extrema direita, como acontece no Brasil. A disputa, porém, é falsa na medida em que supõe uma equivalência (impossível) das funções regulatórias entre estado e empresa de mercado na organização da comunicação.
O debate é oportuno por revelar como o poder gigantesco das grandes empresas de tecnologia (apoiadas pelo capital financeiro especulativo) se associam a Trump para enfraquecer os estados nacionais.
O convite de Trump a Musk para ser "primeiro ministro" de seu governo faz parte desta estratégia privatista de recolonização do Ocidente no contexto da desglobalização mundial.
Quem perde é a democracia como modelo de regulação da sociedade e da política. Por um lado, porque os grandes oponentes dos EUA como China e Rússia são regimes políticos com vieses autoritários. Por outro, porque o populismo de direita está se espalhando perigosamente nas sociedades ocidentais, ameaçando as conquistas políticas que fundam historicamente a cidadania democrática.
Neste contexto geopolítico complexo os estados nacionais semiperiféricos tremulam fustigados pelas ameaças da direita. Pergunta: podem os sentimentos nacionalistas serem mobilizados como dispositivos de legitimidade da governabilidade democrática como vemos, agora, no México e no Canadá? E o Brasil?
Essa questão é uma incógnita porque, aqui, ela passa por uma mobilização nacionalista dos evangélicos a qual, no entanto, é incerta, porque estes foram capturados, em grande medida, pelo bolsonarismo trumpista. Por isso, as pessoas precisam ser mais bem informadas sobre os perigos das big techs para a soberania nacional.
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