
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Para os analistas financeiros gastos com políticas sociais pressionam a taxa da inflação. Solução? Aperto fiscal e corte de recursos para desenvolvimento, significando ameaças ao emprego, à renda e à estabilidade política. Disse um analista: "Não adianta o Banco Central colocar mais pó para fazer um café forte se o governo adiciona mais água". Nesta perspectiva, os juros precisariam ficar altos para segurar a inflação enquanto o governo não cortar na própria carne.
Mas esta tese é controversa visto que nem toda pressão inflacionária está ligada a despesas do governo. Se o preço do café e dos ovos sobem no mercado interno devido às compras internacional ou ocorre estiagem a culpa não é da demanda interna. Mas para o mercado todo boato serve como pretexto para pressionar os juros para cima. O cidadão fica duplamente punido: pelo aumento dos preços dos alimentos e pela lógica especulativa.
A especulação se torna norma de mercado quando não se planeja o sistema financeiro. O fake do pix é exemplar, ilustrando bem o que podemos chamar de irracionalidade exuberante do mercado. Tem razão o vice-presidente Geraldo Alckmin ao defender o aumento dos juros apenas naquilo que pode efetivamente reduzir a inflação e não sobre qualquer pressão inflacionária. A solução é repensar os fatores de cálculo da inflação para suprimir o gatilho oportunista do mercado voltado para punir arbitrariamente a demanda interna.
O fato é que somente a política pode trazer de volta algo que se perdeu. Há que se reformar o Banco Central de modo a se retomar o gerenciamento da economia real e para neutralizar os ataques especulativos contra a economia interna. É importante um novo pacto de poder voltado para garantir a soberania nacional no mundo caótico. Neste ponto os chineses estão dando em nós de dez a zero, sabendo conciliar controle de inflação com metas de desenvolvimento de longo prazo e maior regulação sobre o mercado financeiro.
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