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Quem vai sentar na cadeira do bispo?
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Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense

Paulo Linhares arte e cultura

Quem vai sentar na cadeira do bispo?

O que a Datafolha mostrou de mais importante na largada da corrida para assumir o Palácio do Bispo
Paço Municipal, no Centro, 
é abrigo do prefeito de Fortaleza  (Foto: Everton Lemos (9/11/1995))
Foto: Everton Lemos (9/11/1995) Paço Municipal, no Centro, é abrigo do prefeito de Fortaleza

O próximo prefeito de Fortaleza vai trabalhar no Paço Municipal ou Palácio do Bispo, cuja denominação oficial é Palácio João Brígido, em homenagem ao genial jornalista, panfletário e polemista, que, por sinal, era carioca, crescido no Cariri.

Originalmente de linhas neoclássicas, o sobrado destacava-se pelas aberturas encimadas com arcos plenos, apresentando uma predominância de cheios sobre vazios e um aspecto compacto, este expresso pelos altos muros.

Hoje, o Paço exibe em sua fachada principal um arranjo eclético, marcado pelo desenho neoclássico das molduras de suas portas e janelas e pelos arremates Art Déco de seu frontispício.

A fachada leste, voltada para o bosque, apresenta varanda e escadaria monumental. Esses acréscimos foram colocados no imóvel, respectivamente, nas primeiras décadas e na década de 1970 do século XX. O bosque Dom Delgado, espaço aberto do sítio, é repleto de mangueiras e azeitoneiras que dividem o lugar com os jardins projetados por Burle Marx.

Construído às margens do Rio Pajeú, na primeira metade do século XIX, na década de 1820, o casarão era usado inicialmente como armazém de secos e molhados pelo comerciante português Antônio Francisco da Silva, explorador de algodão.

Por volta de 1860, o coronel português Joaquim Mendes da Cruz Guimarães comprou o prédio e o transformou no Solar dos Mendes Guimarães, residência de sua família, que aportava bailes, saraus e ricos encontros da alta sociedade alencarina. O nome que até hoje ainda marca sua história, o de Palácio do Bispo, foi alcunhado em 1866 quando o casarão da rua São José, 1, passou a ser residência dos bispos de Fortaleza. Os registros não oficiais dão conta de que o Arcebispado primeiro alugou o prédio para, depois, comprá-lo.

Pelos mais de cem anos seguintes, o Palácio do Bispo serviu de residência para cinco representantes máximos da Igreja em Fortaleza: dom Luiz, dom Joaquim, dom Manuel, dom Antônio Lustosa e, por último, dom Delgado, que dá nome ao Bosque cortado pelo Pajeú que faz parte da propriedade. Finalmente, por decisão de dom Delgado, o edifício de três andares foi vendido para a Prefeitura, então no comando do prefeito Vicente Fialho.

O Paço abrigou onze prefeitos que se sucederam na gestão da Cidade.

Em setembro de 1991, Juraci transferiu seu gabinete para um imóvel na avenida Dedé Brasil, na Serrinha. Em outubro de 1996, o então prefeito Antônio Cambraia retornou ao Paço, menos de três meses antes de deixar o cargo.

De volta para o executivo, para o terceiro mandato, Juraci empreendeu nova mudança. Desta vez, o poder municipal foi para um prédio alugado na avenida Luciano Cavalcante, onde permaneceu até o governo de Luizianne.

Em 2005, o Palácio João Brígido foi o primeiro prédio a ser tombado pela municipalidade. Cinco anos depois, em 15 de janeiro de 2010, a então prefeita Luizianne Lins, após reforma no prédio que - apesar de manter algumas secretarias ao longo dos anos, foi tomado pelo abandono - voltou ao Paço, com perspectiva de revitalizar o Centro.

O que a Datafolha nos mostrou

Cinco aspectos merecem ser vistos com uma lupa na Datafolha O POVO:

Os eleitores e suas intenções de voto por renda. Os eleitores e suas intenções de voto por gênero. Os eleitores e suas intenções de voto por níveis de escolaridade. Os eleitores e suas intenções de voto por faixa etária. A capacidade das principais lideranças políticas de influenciar o voto. O que a análise dos segmentos de renda familiar nos dizem?

Que a liderança de Wagner é consistente em todos os segmentos de renda familiar, exceto entre eleitores com renda familiar superior a cinco salários mínimos, onde ele obtém 27% das intenções de voto e Evandro Leitão aparece em segundo com 20%. Sarto, Fernandes e Studart têm cada um 12% nesse segmento.

Entre eleitores com renda de até dois salários mínimos, Wagner lidera com 34%, enquanto Sarto atinge 20%. Fernandes tem 9%, Studart 8% e Leitão 6%.

Na classe média, com renda entre dois e cinco salários mínimos, Wagner mantém a liderança com 33%, seguido por Fernandes com 16%, Sarto com 13%, Leitão com 12% e Studart com 8%.

Os números traduzem uma liderança de imagem do Capitão. Mas mostram duas fendas: na classe média alta e alta renda Wagner é mais frágil e Evandro Leitão aparece já forte.

Já a força de José Sarto está no povo, na baixa renda, e melhorar sua performance na classe média é seu enorme desafio.

A análise por gênero revela que André Fernandes tem um eleitorado majoritariamente masculino, com 16% dos homens e 8% das mulheres. Os outros candidatos apresentam maior equilíbrio entre os gêneros. Wagner tem 33% dos votos masculinos e 34% dos femininos, enquanto Sarto possui 15% dos homens e 18% das mulheres.

Quando a análise é por faixa etária, Wagner lidera em todas as faixas, mas tem força máxima especialmente entre eleitores de 35 a 44 anos, onde atinge 44% das intenções de voto.

José Sarto tem 12% neste grupo, Fernandes 9%, Studart 8% e Leitão 6%. Entre os eleitores mais jovens, de 16 a 24 anos, Wagner lidera com 34%, Sarto tem 20%, Studart 18%, Fernandes 12% e Leitão 5%. Ou seja, curiosamente o Capitão tem mais penetração entre os mais idosos e Sarto melhora entre os jovens.

Quando investigamos a segmentação por escolaridade, Wagner lidera com 35% entre eleitores com ensino fundamental, 35% entre aqueles com ensino médio e 26% entre os com ensino superior.

Sarto alcança 20% entre eleitores com ensino fundamental, 15% entre os com ensino médio e 14% entre os com ensino superior.

Finalmente, talvez o ponto mais importante neste momento, a Datafolha mostra quais os melhores padrinhos políticos.

Na análise de pesquisas políticas normalmente utilizamos a seguinte técnica: o confronto entre as menções de influência positiva e a negativa.

Camilo Santana (PT) aparece com 31% dos entrevistados declarando que votariam "com certeza" no candidato apoiado por ele.

Mas 40 % declaram que não votariam de jeito nenhum em uma candidatura apoiada pelo Ministro da Educação. Ou seja, o melhor padrinho tem 9% de influência negativa.

Na sequência, aparecem o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 30% positiva e 44 % de influência negativa. Total de Lula 14% negativo.

O ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) tem 24% de influência positiva e 45% de negativa. Total de Roberto Cláudio: 21 negativos.

O levantamento lista ainda o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com 22%; o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o governador Elmano de Freitas (PT) com 20%, cada, de eleitores afirmando que votariam com certeza em candidatos apoiados por estes nomes.

Já o padrinho com a maior rejeição, segundo a pesquisa Datafolha, é o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, com 61% dos eleitores ouvidos afirmando que não votariam "de jeito nenhum" em uma candidatura apoiada pelo ex-chefe do Executivo nacional. Posteriormente aparecem Elmano (51%); Ciro (49%).

Cinco aspectos da pesquisa, então, merecem ser grifados:

1. A liderança de imagem do Capitão permanece sem ameaça à direita.

2. Evandro Leitão é ameaça ao Capitão na classe média alta. Historicamente, quem vai bem em Fortaleza neste segmento tende a alastrar seu domínio na opinião pública.

3. Sarto tem seu melhor desempenho na baixa renda e jovens, mas tem dificuldades na classe média e alta e idosos.

4. Os padrinhos não estão com essa bola toda. Ao contrário de todas as pesquisas feitas para a eleição de 2024, todas as lideranças mais influentes tiram mais votos do que acrescentam.

5. Um último aspecto merece ser lembrado. A eleição deve ter pouca influência televisiva e muito impacto das redes sociais.

Alea jacta est.

Que, aliás, significa "o dado (no singular, mesmo) está lançado", mas no Brasil se popularizou como "a sorte está lançada ".

Foto do Paulo Linhares

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