
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
É o fim das campanhas políticas como você conhecia.
As primeiras campanhas depois da abertura política eram criadas com belas imagens e muita MPB ("Maria Maria", de Milton Nascimento é um exemplo). Os candidatos falavam claramente e quase sem cortes e emitiam opinião sobre os temas geradores de debate (para usar uma expressão de Paulo Freire, aquele que todo mundo fala, mas não sabe nada do método, nem das suas ideias).
As campanhas eram com closes de gente rindo, paisagens da cidade, música e, naturalmente, o desenvolvimento crítico desses temas geradores.
A segunda geração de campanhas foi a era dos baianos. A partir da campanha vitoriosa de ACM comandada por Geraldo Walter e Fernando Barros, em 1994, os marqueteiros baianos chefiaram todas as campanhas vitoriosas para presidente da República no Brasil e várias no exterior. O êxito da dupla Walter-Barros em 1994 seria repetido nos anos seguintes por Nizan Guanaes, Duda Mendonça e João Santana.
A terceira geração foi a de Bolsonaro nas redes. Ataques. Formação de bolhas. Os primeiros passos vitoriosos da extrema direita tupiniquim orientada pelos marqueteiros norte-americanos, como Steve Bannon, estrategista chefe da Casa Branca no governo Trump. A partir deste momento, a direita dominou o marketing político.
A quarta geração está começando a sair dos laboratórios da extr3m4 dir3it4. É o marketing da fake democracy como você nunca viu. Vejam as diferenças.
O campo de batalha não é mais a TV. Nem a mídia tradicional. São as redes. Audiência e engajamento nas mídias sociais é o nome do jogo. Como na formação de influencers. A popularização da internet e das redes sociais no Brasil alterou radicalmente a circulação de ideias na esfera pública. Hoje, jornalistas, intelectuais e celebridades tradicionais passaram a dividir espaço com mídias alternativas, youtubers e influencers. Fernanda Torres disputa o papel de Odete Roitman no remake de "Vale Tudo" com a influencer Vanessa Lopes e é chamada pelos analfas artísticos de "nepobaby". Pode, Freud? E vejam, até as pesquisas de quarta geração não tem campo. Só rede.
A tiktokização do conteúdo político. Marçal explicou na Folha.
- "Minha cabeça pensou 'vrum', alerta de corte, arrebenta".
São vídeos curtos que prendem atenção pelo impacto da polêmica e rapidamente viralizam nas redes.
As esquinas das redes. As redes tem esquinas e é nessas esquinas em que tudo acontece. O sistema de contágio é feito nos cruzamentos de bolhas por identificação daqueles que trafegam em muitos pontos diversos. Parafraseando Oswald de Andrade, a pandemia ensinou, nunca fomos catequizados. Corte.
Os debates não têm audiência, nem lógica própria de formação de imagem. São plataformas de criação de memes e ataques, o combustível das redes. Só interessa o que rende cortes. Os vídeos curtos de Pablo sobre sua atuação no debate tiveram nas redes mais de 3 milhões de vius (deveríamos escrever assim), o segundo colocado teve 800 mil. E, pasmem, mais de 50% de menções positivas.
A lógica do avatar. Não interessa se era tutorial de raspar o c* ou chefe de quadrilha. O importante é ampliar a audiência, obter engajamento e criar a imagem de um avatar poderoso. O avatar do capeta. Como Milei.
O novo MP da extr3m4 dir3it4, o marketing político da E. D. tem manhas nativas (o marketing corporativo nascido da vitalidade empreendedora de milhares de brasileiros emparedados pela falta de mobilidade social do capitalismo tecno-financeiro) e está sendo forjado no laboratório Milei/Bolsonaro.
Não foi por mero acaso que Bolsonaro e Tarcísio de Freitas se juntaram e chamaram um marqueteiro argentino para comandar a campanha de André Fernandes. O jogo é pesado, tirem as crianças das telas.
Sei não, mas o que me parece que vai acontecer também em Fortaleza é que os candidatos do campo progressista, o saltitante Sarto com sua Juliete e o cara de coitadinho do Leitão (parece que tá sempre lembrando: xiiiiiiii, o Ceará perdeu de novo!), vão ser triturados pela fake democracy da extrema direita. A não ser que os marketeiros da esquerda se reinventem e saiam dos armários bem comportados em que ainda permanecem.
Só tenho certeza de uma coisa: vamos assistir esse novo round de iPhone na mão e TV desligada.
Um novo bistrô tupiniquim Pas Comme Les Autres
As novidades gastronômicas da Cidade não param. Está chegando no comecinho de setembro o Nico Bistrô e Bar (Rua General Joaquim de Andrade, 36 - Aldeota), ali nos arredores do Cantinho do Frango, o novo restaurante do chef Nicolas de Salvi Lima. Nicolas é um daqueles trabalhadores incansáveis que passou pela cozinha de diversos restaurantes estrelados de São Paulo e alguns grandes de Fortaleza. Agora ele está abrindo o próprio bistrô e vai cozinhar o que gosta.
Uma cozinha de frutos do mar, polvo (que vai ser o carro chefe), crudos, ceviche, atum grelhado, parrilla em charbroiler, rosbife de filé de sol. Pratos pra todo mundo experimentar e dividir, como é a nova tendência de SP, e a conversa ficar bem animada. Uma cozinha contemporânea com ênfase nos ingredientes cearenses. Nicolas ralou muito para chegar até onde chegou e agora vai cozinhar com mais paixão ainda. Coisa que ele tem de sobra e bota em tudo que faz. O Nico Bistrô vai fazer história em Fortaleza. Podem acreditar.
E mais: na Varjota estão chegando dois restaurantes portugueses: o Douro, do pessoal que trabalhava no Bravo, Iguatemi, e a versão da Varjota do bom caráter e talentosíssimo chefe Marco Gil (do Gingado).
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