
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Todo mundo agora só quer saber da briga do Xandão com o Musk, dono do X-Twitter, mas aqui na nossa Fortaleza Bela e Bárbara a pergunta é: como os figurões vão interferir na eleição?
A resposta é simples: eles interferem numa proporção direta de distância política e distância social.
Quanto mais proximidade física e política eles têm com a cidade e o eleitor, mais força terão.
Quanto mais distância social (moram longe, são muito ricos, estão em outras esferas de poder) menos interferem.
Ou seja, de onde muito se espera, aí é que não sai nada.
Lula vai colher os frutos de um bom crescimento econômico, melhoria da renda dos mais pobres, certo?
Errado. Historicamente, a distância entre o Presidente da República e o buraco na minha rua faz uma diferença danada.
Então, vamos inverter a equação, quem fará diferença pela teoria proximal (parece a teoria de Vygotsky, que se chama ZDP, Zona de Desenvolvimento Proximal). Segundo ela, é numa zona próxima que o mediador deve atuar, por meio da linguagem, na construção do conhecimento. Não sabe quem é Vygotsky? Então, volte algumas casas e vá no Google.
Quem vai fazer uma pequena diferença é Roberto Claudio e Luizianne Lins. O que eles falam sobre a cidade, o eleitor considera e tem aderência. São as últimas referências na municipalidade pública que o eleitor tem. Eles sabem o que estão falando, pois tiveram a caneta na mão.
O resto serve para fortalecer a capacidade de captação financeira das campanhas.
E também para atrapalhar, às vezes.
Quem não se lembra como o Elmano perdeu a eleição com uma desastrada declaração da Loura dizendo que elegeria até um poste?
E para quem tem memória mais longa das eleições, a frase de campanha que quase afundou a campanha de Ciro, "Fortaleza sim, cambada não", formulada por Sérgio Machado, que transformou o candidato do PDT no candidato panelada.
E a campanha do Inácio (eu era o vice) em que a proximidade com o Lula, o fez votar a favor da reforma da Previdência e destruiu a imagem do candidato do PC do B quase irremediavelmente.
No fundo, no fundo, lá nas profundezas mesmo, em campanhas municipais, cada candidato é o principal e melhor moderador de sua própria imagem.
Como na famosa frase de Tolstoi: pinte sua aldeia e você será universal. No caso aqui, feche os buracos da minha esquina, formule ideias claras e diretas sobre melhorar a vida de quem zigue-zagueia pelas ruas da cidade, procurando trabalho, precisa de colégio público e você será meu prefeiturável.
O resto, a espuma toda, é conversa de armazéns de secos e molhados, como diria Millôr Fernandes.
As boas novas da nossa Gastronomia
Um novo bistrô Tupiniquim pas comme les autres
As novidades gastronômicas da cidade não param. Abriu as portas na última sexta-feira (06/09) o Nico Bistrô e Bar (Rua General Joaquim de Andrade,36), ali nos arredores do Cantinho do Frango, o novo restaurante do chef Nicolas de Salvi Lima. Nicolas é um daqueles trabalhadores incansáveis que passou pela cozinha de diversos restaurantes estrelados de São Paulo e alguns grandes de Fortaleza. Agora, ele está abrindo o próprio bistrô e vai cozinhar o que gosta.
Uma cozinha de frutos-do-mar, polvo (que vai ser o carro chefe), crudos, ceviche, atum grelhado, parrilla em charbroiler, rosbife de filé de sol.
Pratos pra todo mundo experimentar e dividir, como é a nova tendência de SP, e a conversa ficar bem animada. Uma cozinha contemporânea com ênfase nos ingredientes cearenses. Nicolas ralou muito pra chegar até onde chegou e agora vai cozinhar com mais paixão ainda. Coisa que ele tem de sobra e bota em tudo que faz. O Nico Bistrô vai fazer história em Fortaleza. Podem acreditar.
O Sopa Bistrô vira um restaurante dos bons
Já falei dele aqui quando ele era bem pequenininho e tinha três meses. É o Sopa Bistrô (Rua Tavares Coutinho, 1580). Ele cresceu, ganhou vinte e cinco lugares, uma galeria de arte, um cardápio ainda enxuto, mas muito bom, e vai ter muita música. O Carlos Cysne viajou o mundo todo. Voltou. Eu não sei o que ele fez mundo afora, mas posso garantir que ele entende de cozinha. Tudo que nos prepara é de lamber os beiços. Vale a pena empurrar a portinha da esquina de Tavares Coutinho em frente ao Ordones. Você vai ter boa comida, obras de arte, música. Fortaleza está precisando mesmo de boa música com comida boa.
Marie Anne Bauer; a sacerdotisa da nossa gastronomia chegou na Varjota
Certos chefes além de abrirem grandes restaurantes, os tornaram templos gastronômicos. Marie Anne é a sacerdotisa protetora das nossas mesas.
Marie Anne Bauer é francesa, nascida na Alsácia, região fronteiriça entre a França e Alemanha, portanto tem a delicadeza da culinária francesa e usa a quantidade e força, típica dos alemães. Ela faz parte do grupo de chefes que praticamente inventou a cena gastronômica cearense com Hervé Tassigny, Faustino e Lúcio do Vojnilô (hoje Azulli).
Radicada no Brasil desde 1990, ela escolheu Fortaleza por amor à cidade e seu povo. Ao chegar, montou o Petit Saint Tropez, trabalhou na Pizzaria do Pirata. Já esteve no Gran Meliá Mofarrej e montou a cozinha do L´Ô. Depois de uma longa temporada do Le Marché, defronte ao Mercado dos Pinhões, ela finalmente abre um restaurante com seu jeito e cara.
É ali onde o Faustino estava, na Varjota, o Trivial Gourmand (Rua Coronel Jesuíno,853). A Maria Anne faz o melhor polvo confitado que você pode comer na vida. E trafega como ninguém entre pratos franceses e alemães.
E dois portugueses novos, pá
E mais: na Varjota estão chegando dois restaurantes portugueses: o Douro, do pessoal que trabalhava no Brava, do Iguatemi, e a versão da Varjota do bom caráter, intelectualmente preparado (isso, para mim, conta muitíssimo) e talentoso chef Marco Gil (do Gingado).
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.