
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Você sabe o que é, mas não tem certeza do nome como a maior parte dos recursos de comunicação da web.
Os "vídeos de react" já se tornaram praticamente um gênero à parte entre as opções de entretenimento no Youtube e outras plataformas de vídeo.
O influenciador Casimiro ficou milionário ao usar o recursos inteligentemente graças ao seu estilo cômico de reagir a outros vídeos na plataforma Twitch.
Ciro Gomes foi o primeiro político a utilizar a estratégia para conquistar audiência e se conectar com um público mais jovem. Na semana passada, um vídeo em que eu debati com Ciro viralizou na Web com dezenas de ciro boys fazendo react das partes mais polêmicas.
Confesso que gostei muito. O ritmo é bom. O impacto das reações é divertido, mesmo considerando o salga que levei de alguns malas
No YouTube, dezenas de produtores de conteúdo estrangeiros encontraram um nicho de sucesso nos vídeos de react de referências brasileiras, sejam músicas ou outras produções. É o caso do artista holandês Frank Valchiria, que reage a canções brasileiras das mais variadas, ou do jovem britânico Alfie Whites, que conquistou mais de 300 mil inscritos por reagir aos mais diversos vídeos sobre o Brasil.
Hoje, na coluna, vou usar o recursos de react sem video, reagindo de forma curta e direta a algumas pautas que me parecem indicadores de alguns fenômenos da nossa vida social.
Duas cientistas foram condenadas por desmentir informação. Na quarta-feira, 4, a juíza Larissa Boni Valieris, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível, condenou a bióloga e especialista em metabolismo de diabetes Ana Bonassa e a farmacêutica Laura Marise. Na sentença, foi exigido que o vídeo fosse apagado, sob pena de multa de R$ 100 por dia de descumprimento, e danos morais de R$ 1 mil.
Segundo a decisão, elas submeteram o nutricionista a uma situação de "vergonha e tristeza" por compartilharem o perfil público dele no Instagram. "Verifica-se, pois, a ocorrência do dano moral, haja vista a situação de vergonha e tristeza a que fora submetido o autor, em razão da conduta do réu em publicar, sem autorização, seus dados em vídeo junto à rede social de amplo alcance", diz trecho da sentença.
O autor de desinformação vendia solução falsa contra diabetes. Segundo Ana e Laura, do canal NuncaVi1Cientista, o perfil vendia "protocolos para desparasitação" como se fosse a cura da doença.
Lá vou eu
É isso mesmo que vocês leram. Uma juíza de São Paulo condenou duas cientistas por desmentirem uma ação publicitária que vendia uma solução falsa para a cura da diabetes.
Vou repetir: a naturalização da fake news chegou a um ponto em que uma juíza condenou duas cientistas por desmascarar uma venda fajuta de uma solução macabra contra a diabetes.
Ana Bonassa e Laura Marise deveriam ganhar uma estátua em praça pública como as primeiras mártires contra a naturalização das fake news pela justiça.
Preço do café sobe 35% em 4 meses e deve continuar em alta até 2025
O preço do café registra uma sequência de fortes altas desde o início do ano. Há sinais de que essa tendência continuará pelo menos até o primeiro semestre de 2025.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abinc), o valor do produto no varejo subiu cerca de 35% apenas nos últimos quatro meses. Em agosto, o quilo pago pelo consumidor alcançou um preço médio de R$ 39,63, ante R$ 29,18 em abril.
Esse aumento ainda não foi repassado ao consumidor, explica Inácio, porque os supermercadistas procuram negociar com as marcas.
A alta se explica sobretudo por questões climáticas. Cafeicultores de várias regiões produtoras do Brasil demonstram preocupação com uma estiagem prolongada e o calor excessivo. Tudo isso vem depois de uma sequência de safras com adversidades.
Lá vou eu
Depois do azeite, que agora só podemos comprar à prestação, chegou a hora do café. Parece que os problemas climáticos avançam exatamente contra nossos mais deliciosos pequenos prazeres. O vinho, com alta do dólar, está pela hora da morte. Um bom douro, um Catena ou um Bordeaux custam mais de R$ 200. Sem contar que um bom charuto cubano tornou-se artigo proibido.
Elaine Souza Garcia, a mulher gravada em vídeo com fuzil sob orientação de um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) é citada em documento do Ministério Público como uma das lideranças de uma quadrilha especializada em ações de "novo cangaço" ou "domínio de cidades". Ela foi presa preventivamente nesta terça-feira, 10, por suspeita de manter conexões com o PCC.
Lá vou eu
Pois é, a Patroa do Novo Cangaço é gata, sabe atirar muito bem, e neste momento está em cana. Se ela abrir uma conta no Instagram ou Tiktok em uma semana, vai ter dois ou três milhões de seguidores e a Globo vai chamá-la para fazer papel dela mesma numa nova série sobre o novo cangaço (poxa, tem novo demais).
A nova pesquisa Quaest em Fortaleza mostra que o candidato Capitão Wagner (União Brasil) tem 24% das intenções de voto; André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) têm 21% cada um e José Sarto (PDT) está com 18%. O cenário indica um empate quádruplo dentro da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Lá vou eu
As pesquisas começam a responder algumas perguntas: tem polarização aqui? Sim. Os gráficos mostram Evandro e André subindo quatro pontos e Capitão Wagner e Sarto caindo quase isso.Tem impacto do horário eleitoral? Sim. As perguntas sobre o assunto feitas pelo Quaest mostram que as pessoas estão curiosas com os embates e procurando informação. E o que aparentemente fica mais evidente é que o tremendo esforço de Sarto de criar uma campanha alegre e jovem de "juliette" e memes no TikTok não tem sido capaz de deter o desgaste dos dois primeiros anos da administração e da Taxa do Lixo. E o capitão, embora resistindo, começa a cair provando que não vivemos tempos de bom mocismo, mas de radicalização. Como diria Federico fellini: e la nave vá.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, está "desaparecida". Em momento climático crítico, deixa o país sem líder de peso contra os incêndios.
Lá vou eu
Marina, morena, menina, você se mandou. O País pegando fogo e a Ministra pegou o beco. O que prova que os verdes do mundo inteiro são bons pra chorar as pitangas climáticas, mas imaturos para resolver as questões que a crise do meio ambiente nos apresenta.
Ricardo Guilherme, o insubmisso e heroico lutador pelo frágil campo teatral cearense, pegou um pequeno teatrinho do Shopping Avenida (Teatro Abre Alas- Dom Luis, 300 Piso 3) e transformou na sua ribalta. Toda sexta-feira tem "Bravíssimo", um espetáculo transformador, às 19 horas. Aliás, mais do que um espetáculo, são aulas, espaços de tensão, no qual o ator questiona diversos papéis, desestabiliza e subverte, criando uma pedagogia teatral da liberdade.
Lá vou eu
Se a sua vida está um inferno, faça como a Marina, pegue o beco e vá assistir "Bravíssimo" com Ricardo Guilherme. Você vai sair cantando "como dois e dois são quatro, sei que a vida vale a pena" (quem lembra desta beleza do cancioneiro brasileiro?).
Um dos principais dados mostrados pela nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 11, é a dificuldade de Guilherme Boulos de atrair o eleitor que votou em Lula em 2022. São alguns os fatores que explicam esse déficit, que resulta no fato de que, com 21%, o candidato do PSOL está longe do patamar de 30% historicamente atribuído a candidatos de esquerda na capital paulista. Mas o cruzamento do voto por segmentos do eleitorado mostra um problema específico: a dificuldade do "luloboulismo" de falar com o jovem da periferia. Um apoiador de Lula em 2022 que não gravita no núcleo PT-PSOL da política paulistana me fez uma observação ainda na largada da disputa que ficou na minha cabeça. Segundo ele, PT e PSOL teriam "alergia a CNPJ" e uma resistência atávica a falar a palavra "empreendedor". (Vera Magalhães).
Lá vou eu
Vera Magalhães, tucana, órfã de pai e mãe, está eufórica. O Lulaboulismo não fala com molecada da periferia que rala pra sair do buraco. Desta vez, ela tem razão. Chamei atenção sobre o assunto aqui. A esquerda precisa resolver este trauma antes que o Brasil vire uma republiqueta Marçalizada.
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