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Ressacas eleitorais
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Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense

Paulo Linhares arte e cultura

Ressacas eleitorais

E mais! uma série para relaxar e um novo restô português

Dizem aqueles políticos caretas, com a fala empolada, que eleição é uma festa cívica.

Não sei se é cívica.

A palavra cívico deriva do latim civicus, com sentido do que se relaciona com o cidadão. Na maioria dos casos, as pessoas votam por obrigação, mas os resultados dizem pouco a respeito das suas vidas. Mas que é uma festa, isso é.

Meu amigo Dudu Odécio me ligou para contar um episódio divertido. Dizia ele, que foi ao Mercadinho São Luiz na segunda pós-eleitoral e um daqueles senhores que trabalham na reposição de frutas e verduras comentou com o segurança enquanto colocava bananas nas prateleiras:

- Macho, aquele cara de Quixadá, o André Leitão, dizem que acabou com o Ceará e agora quer acabar com meu Fortaleza.

A fala atravessada é uma leitura popular de uma maledicência de campanha. E o mais interessante é a confusão entre os nomes dos candidatos, gerando um personagem transideológico, o tal André Leitão.

Mas falando em ressaca eleitoral, me lembro de algumas delas.

A primeira foi na campanha de Maria Luiza, em que coordenei a comunicação. No domingo da eleição, resolvi ir para uma praia afastada da cidade. A ideia era ficar bem longe de notícias, já que achava que, apesar da campanha bonita, com muitas imagens tocantes da Maria (direção de fotografia Marcos Moura). músicas memoráveis (a mais marcante foi "Maria Maria", do Milton Nascimento, que eu escolhi e o grupo mais próximo à Maria vetou por achar elitista, fomos salvos por Gilvan Rocha), redação de Fernando Costa, e muita gente boa (na verdade, olhando hoje, era um dream team) não tínhamos a mínima esperança de ganhar a eleição.

Já perto do final da manhã, um barraqueiro disse:- Parece que a mulher vai ganhar eleição em Fortaleza. Pelo menos é o que estão falando no rádio…

Vim correndo para o Paulo Sarasate e, a partir daí, foi uma madrugada de emoções que atingiu o ápice na segunda, quando a cidade acordou e as pessoas choravam nas ruas, esquinas e bares, emocionadas. Nunca vi nada igual em Fortaleza.

A eleição seguinte, que também coordenei a comunicação, foi outra improvável disputa. Eu comandava a equipe do radialista Edson Silva, que disputava pelo PDT brizolista contra Ciro Gomes, candidato de Tasso em pleno reinado das mudanças.

Não tínhamos a mínima chance, mas por um erro de comunicação da campanha de Ciro, eles passaram a chamar nosso candidato de panelada. Fizemos um comercial emocionante (eu e Fernando Costa) com a câmera dentro de um carro com Edson Silva (ele era muito popular) e as pessoas na rua fazendo sinais de alegria, surpresa para ele até que aparecia um grupo comendo panelada e oferecia às câmeras. Começamos a crescer e, no dia da eleição, a equipe que fazia as pesquisas da Fundação Cearense de Pesquisa disse que ganharíamos. Tomamos um porre homérico no Pirata e fomos dormir sonhando com a posse. Ao acordar, com uma ressaca brutal, descobrimos que tínhamos perdido por 3.700 votos. Eu não sabia se vomitava ou chorava.

A terceira campanha foi a minha própria candidatura a deputado estadual. Surpreendentemente, foi a mais tranquila da minha vida. Surfamos em Fortaleza com muitas festas, apoios importantes como o do José Wilker, Marcos Palmeira, e apesar de algumas amargas traições (quem não foi traído na política?), eu precisava de 27 mil votos e tive 36 mil.

A quarta e última foi uma tragédia bem cearense. Eu era vice de Inácio Arruda, mas não podia me meter no marketing - o PC do B controlava tudo. Inácio gozava de grande popularidade, mas tinha votado pela reforma da previdência a pedido do Lula e a população estava revoltada. Nossa comunicação tentava esconder o episódio em vez de enfrentá-lo logo no começo da campanha. Resultado: na última semana, na quarta-feira, eles jogaram no ar as imagens de Inácio votando. Caímos para o quarto lugar e Luizianne subiu, com a transferência de nossos votos, para o segundo turno com Moroni.

Lembro do meu filho Gabriel, no dia seguinte, então com quatro anos, chorando muito e pregando os santinhos da campanha na parede, como quem guarda figurinhas raras ou relíquias religiosas.

Depois dessas quatro experiências, festas cívicas somente no dia 7 de setembro.

 

"Ninguém Quer": Nova comédia romântica da Netflix é inspirada em história real

Às vezes ninguém quer nada sério

Às vezes, você chega em casa cansado, não quer filme cabeça, só precisa é se esticar no sofá, abrir um vinho branco com a sua amada ao lado e mergulhar numa série romântica bem boba. Que tal a série "Ninguém quer", da Netflix?

É a história de um amor entre um rabino e uma garota dona de um podcast. Dez episódios curtos, casal com química, texto bem escrito.

E a atriz protagonista, Kristen Bell, contou recentemente que já morou e trabalhou em Fortaleza com um grupo de enfermeiras e médicos. "Éramos um grupo de cinco pessoas e eu era a única que não era dessa área. A única jovem envolvida no projeto, que levava tratamento médico para pessoas que não tinham acesso. Foi uma experiência que abriu minha cabeça", lembrou.

Douro Fortaleza, o mais novo Restaurante Português na Capital, está localizado no endereço rua Ana bilhar, 1496, na Varjota
Douro Fortaleza, o mais novo Restaurante Português na Capital, está localizado no endereço rua Ana bilhar, 1496, na Varjota

Douro a quem doer

Abriu mais um super-restaurante na Varjota. É o Douro (rua Ana Bilhar, 1496). Um português daqueles que só tem no Rio de Janeiro (a última capital portuguesa do Brasil).

Grande, cadeiras confortáveis que o Benjamin, meu filho de 5 anos, fica estirado nos sofás tomando soda italiana, muita luz (demais!) e um serviço perfeito.

Para começar, a maior carta de vinhos que já vi em Fortaleza. Pedi um bacalhau ao forno e estava molhadinho (bacalhau seco é um horror) e gostoso. E tem uma oferta de sobremesas portuguesas (a doçaria conventual portuguesa de que falava Gilberto Freyre, criada pelos padres e freiras nos conventos) de deixar enlouquecido quem, como eu, que gosto, que me enrosco de doces à base de ovos. Os preços? Bem, botem 150 paus por cabeça, sem bebidas. É mole? É mole, mas sobe, já dizia o Costinha (lembram dele?).

Foto do Paulo Linhares

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