Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
O pensador mexicano Juan Villoro escreveu um belo livro de ensaios chamado "Não sou um robô: a leitura e a sociedade digital". Na apresentação, ele constata que ignora se existiu um cronista no século XV que escreveu sobre a descoberta da prensa de Gutenberg, do livro impresso. Não sobre a tecnologia nova em si, mas sobre a forma que o livro impresso mudava os costumes. As relações entre pai e filhos, o cortejo amoroso, o prazer de dar presentes, o trato com a igreja, as aventuras do conhecimento e, sobretudo, as ideias que os leitores tinham de si mesmos.
No livro, Villoro afirma a necessidade imperiosa de refletir sobre o texto escrito no momento em que a espécie humana perde faculdades que são assumidas pelas máquinas. Quem é o humano, hoje em dia? Ele se pergunta.
A pergunta que antes era feita por filósofos e teólogos hoje é feita diariamente a nós pelas máquinas, lembra Villoro. Para entrar num site virtual a máquina pede para que nos identifiquemos como uma pessoa, afinal somos a primeira geração que pode ser substituída pelas máquinas. Em consequência disso, marcamos num quadradinho: "não sou robô" (aliás, a palavra"robô" vem de "robota", que significa "trabalho forçado").
O mais curioso da observação do pensador mexicano é que ele esclarece em seguida que, num segundo momento, quando o sistema operacional resolve nos submeter a uma segunda prova mostrando diversas fotografias em que devemos distinguir animais, semáforos e meios de transportes, o exame tem um componente cognitivo, porém o mais importante é outra coisa. Ao movimentar o mouse, ou mouse pad, num gesto tátil distinto do das máquinas, ele detecta se somos humanos. Ou seja, para efeito de distinção da máquina, o fator humano depende menos da nossa habilidade intelectual do que da nossa sequência sensorial. A Inteligência Artificial consegue diferenciar uma imagem e outra, mas, pelo menos por enquanto, carece de uma mão que se mova como a nossa.
Me lembrei deste livro quando numa recente reunião do meu departamento, na universidade, constatamos estarrecidos a enorme dificuldades dos nossos alunos lerem textos mais longos e complexos. Não é que eles leiam menos, argumentam os experts, eles leem mais textos curtos nas redes. Com a essa "tiktokização da leitura" e a potência das redes de multiplicar quase ao infinito o número de mensagens atraentes, nossa capacidade de fixar atenção num só texto é cada dia menor.
Vários testes podem medir a atenção concentrada, como o Teste de Atenção Concentrada (AC), o Teste de Funções Cognitivas D2, a Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA) e o Teste de Atenção por Cancelamento (TAC).
A cientista cognitiva americana Maryanne Wolf estuda a redução da concentração em textos longos ou quanto conseguimos "mergulhar" na leitura tão profundamente quanto conseguiam antes. "As pessoas estão percebendo que algo está mudando em si mesmas, que é seu poder de leitura. E há um motivo para isso", diz Wolf.
A razão, segundo a pesquisadora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, (Ucla), é que o excesso de tempo em telas - celulares e tablets, desde a infância até a vida adulta - e os hábitos digitais associados a isso. Esse conjunto está mudando radicalmente a forma como muitos de nós processamos a informação que lemos.
Segundo um livro de Wolf, prestes a ser lançado no Brasil ("O Cérebro no Mundo Digital - Os desafios da leitura na nossa era", da Editora Contexto), e algumas pesquisas sobre o tema, o fato de lermos cada vez mais em telas, em vez de ler no papel, e a prática cada vez mais comum de apenas "passar os olhos" em múltiplos textos e postagens online, podem estar dilapidando nossa capacidade de entender argumentos complexos, de fazer uma análise crítica do que lemos e até mesmo de criar empatia por pontos de vista diferentes do nosso.
Chegamos na proibição do uso de celular na escola. Uma medida necessária. Mas não suficiente. O domínio das redes nos torna superficiais nas nossas leituras. E o jornalismo mais denso e aprofundado está desaparecendo da mídia. Como disse um outro ensaísta, a ficção está aí. Cabe ao escritor inventar a realidade. Na última semana escolhi um só dia da semana (segunda-feira, 13) e tentei exigir da leitura mais investigação e profundidade.
O Ceará cresceu pouco em relação ao RN e à Paraíba. Por que?
A economia do Nordeste cresceu mais do que a média nacional em 2024. Dados da resenha do Banco do Brasil mostram que o PIB da região acumulou alta de 3,8% no ano anterior, ante índice positivo de 3,5% alcançado pelo País. A região também foi destaque no comparativo estadual, com a Paraíba e o Grande do Norte, liderando, respectivamente, os indicadores nacionais. O Produto Interno Bruto paraibano alcançou o melhor registro estadual do País, com 6,6% de aumento. Em seguida, veio o Rio Grande do Norte, com 6,1%. Os estados são os representantes nordestinos no grupo dos dez maiores crescimentos apontados pelo estudo do BB. O Ceará foi o próximo estado mais bem posicionado, em 11º lugar, com alta de 3,9%. Maranhão, Pernambuco, Piauí e Sergipe registraram 3,6%, enquanto Alagoas e Bahia marcaram, na ordem, 3,1% e 2,9%. Minha pergunta é: porque o Ceará ficou tão distante do Rio Grande do Norte e da Paraíba? A resposta é simples: foi a fruticultura e o turismo, estúpido. Estamos comendo uma poeira danada desses dois estados vizinhos. Alguém me explica por que?
Um tenista cearense é um dos melhores do mundo e é um grande desconhecido no Ceará
O tenista cearense Thiago Monteiro é um dos 100 melhores do mundo.
E entre os principais tenistas do País tem tido um desempenho dos mais regulares e equilibrados.
Quem é mesmo Tiago Monteiro? Onde começou a jogar? Quem foi seu treinador?
Por que os cearenses não acompanham sua carreira e torcem por Tiago?
O que Leila do Palmeiras disse sobre Miami é verdade ou mentira?
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, criticou, durante entrevista coletiva na última segunda-feira, 13, clubes que viajam aos Estados Unidos para a pré-temporada de 2025. Em evento para apresentar o novo patrocinador máster do Verdão, a cartola do clube paulista disse que a viagem não é benéfica nem para o clube, nem para os atletas. Segundo ela, Miami só serve para "dirigentes passearem na Disney".
O Fortaleza foi um dos times que foram passear em Miami. O curioso, neste caso, é que quase toda imprensa esportiva do Ceará criticou a declaração de Leila. O argumento era que "é uma boa para divulgar a marca Fortaleza pelo mundo". Faz-me cócegas o argumento. Quanto custou ir e o que trouxe de vantagem, me pergunto?
A obra do Dragão. O que houve? Qual o problema que não tem solução?
Depois de anos parada, a obra da Praça do Dragão, que praticamente imobilizou o funcionamento do Centro Dragão do Mar, começou a passos de cágado e finalmente foi paralisada novamente. O argumento agora, segundo boa matéria do O POVO, é que a construtora foi retirada da obra. Sei não, mas essa má vontade com o Dragão parece encomenda. Mas, dizem boas bocas, que o mar vai estar para peixe no IDM logo em breve com atualizações na gestão.
Quem é essa prefeita de Canindé e por que ela está atirando tanto e corajosamente?
Era noite quando, depois de chegar de um comício, a então prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos) ligou para o promotor de Justiça Jairo Pereira, do Ministério Público do Ceará, e avisou que tinha uma denúncia importante. Ela foi recebida no dia seguinte, 26 de setembro de 2024, pontualmente às 8 horas.
A prefeita compareceu preparada. Tinha em mãos a relação de empresários e CNPJs que, segundo ela, vinham sendo usados para desviar recursos de emendas parlamentares em 51 municípios do Ceará. Rozário refletiu e, ao final do depoimento, decidiu assinar a denúncia, que poderia ter sido apresentada anonimamente. A notícia está no UOL. Minha pergunta é: quem é Rosário? Um bom perfil da prefeita pode nos orientar melhor a pensar sobre o assunto.
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