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Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
O Governador Elmano fez um ato de contrição na abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa.
A contrição vem do latim medieval contritus, "moer, esfregar". Indica alguém que está arrependido e se penitencia por maus atos. A noção é a de que uma pessoa arrependida se sentiria como que moída, arrastada sobre pedras.
O ato de contrição é uma oração cristã que expressa a tristeza do pecador pelos seus pecados realizados.
Pode ser utilizado em um serviço litúrgico ou em particular, como em uma oração. Utilizado na Igreja Católica, Luterana e Anglicana, cada qual com seu próprio texto. Na Igreja Católica existem diversas versões desta oração, desde as mais antigas do século XVI, às mais modernas.
O ato de Elmano foi a respeito do seu trabalho em segurança pública. A fala de Elmano foi um rito de arrependimento, uma prece. O tema da prece (1909) foi objeto de um fragmento da tese de doutorado inacabada do antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950), na qual ele argumenta que o fenômeno constitui um dos elementos centrais da vida religiosa.
Ao considerar a prece como narrativa religiosa, Mauss afirma que ela é antes de tudo um fenômeno social, pois mesmo quando o crente seleciona a seu modo os termos da oração, naquilo que diz ou pensa, nada mais faz do que recorrer a frases consagradas pela tradição.
A prece é social não só devido ao conteúdo, mas também à forma, uma vez que ela não existe fora do ritual. Nesse sentido, o autor argumenta que não é na prece individual que está o princípio da oração coletiva, ao contrário, é no caráter coletivo que se encontra o princípio da oração individual.
O ato de contrição de Elmano me comoveu.
Não é todo dia que o governante reconhece sua dificuldade de resolver graves problemas. Elmano também agiu. Demitiu o chefe da Polícia Militar, ou sei lá que nome o cargo tinha.
Às vezes, tenho a sensação que o Governo de Elmano tem estagiários demais mandando.
Gente de indicação política sem capacidade analítica e capaz de conceber boas políticas públicas. Passamos anos, a partir de Tasso, em que os cargos de comando eram ocupados pelos melhores. Hoje são os mais adaptados aos interesses dos partidos. Então, faltam marcas de políticas efetivas.
Pois bem, Elmano é um cara sério, tem bom coração, mas pelas circunstâncias políticas, me parece cercado de amadores.
A verdade é que o PT do Ceará hoje lembra uma mistura do antigo PSD com o antigo PTB (a ala esquerda). E à direita de hoje é uma UDN doidona. Elmano, com o trabalho feito junto aos prefeitos do Interior, já pode se considerar eleito. Falta, passada a emoção social do ato de contrição, governar como fazia o antigo PT, aquele que um dia me comoveu pelas suas realizações e não pelas preces.
A Pesquisa Quaest para presidente. Notas para não repetir o óbvio.
A pesquisa Quaest para presidente que saiu no começo da última semana mostra o óbvio. Lula é imbatível.
Vou tentar aqui mostrar algumas outras coisas que merecem ser anotadas. Lula tem 30 pontos e venceria a eleição, hoje e amanhã, ao contrário do que disse Kassab. A questão é: vai ter saúde daqui a dois anos? Só uma boa cartomante para prever.
Tarcisio de Freitas vem em segundo com longínquos 13 pontos. O candidato da Faria Lima emociona cada dia menos. Está indo para extrema direita de novo para ver se surfa no trumpismo. Vai virar um trapo.
Gusttavo Lima tem 12 pontos e quase empata com o governador de São Paulo. É a força dos sertanejos. Alguém já ouviu esse mala falar "lé com cré"? Mas como diria a Globo: "o agro é pop".
Pablo Marçal tem 11 pontos. O coach da extrema direita faz um painel completo das tendências que proliferam nas redes. Zum, zum, zum. Não vai a lugar nenhum.
Ciro tem 9 pontos. Sem Lula sobe a 17. Tem um capital respeitável. Se Lula sair do páreo a esquerda vai precisar e muito dele. O diabo é esse ódio visceral do Lula. O pai que o rejeitou.
Zema é um zero à direita e tem 3 pontos mesmo com Minas na mão. O que tudo isso tem de diferente? Nada. Mesmo com toda a onda que a mídia conservadora de São Paulo/Rio faz, é Lula Lá.
A polêmica dos cults bacaninhas literários de São Paulo.
A polêmica dos cults bacaninhas do campo literário de São Paulo não arrefece.
Para quem não acompanha: um editor (e sócio da Todavia) deixou a mulher 14 anos atrás, e depois de tripudiar da miserável fazia troça com 15 amigos na internet.
A ex-mulher era escritora e contou uma historinha de como descobriu a traição (o CPF sempre entrega) no podcast e a mulherada caiu matando na misoginia e gaslighting da galera.
Natércia Pontes, atual esposa do editor, está matando a gente de rir, defendendo a família com unhas e dentes e um humor maravilhosamente contundente e inteligente.
Augusto Pontes estaria orgulhoso.
Ado-ra-ria o affair.
Quem quiser se aprofundar na onda, sem se perder na fofocada, leia o livro da ex, "Operação Impensável", Vanessa Bárbara, que conta sua versão em termos fictícios e o livro de um dos machos paulistas, Michel Laub, revela a mente de um deles, "O tribunal da quinta-feira".
Os dois livros foram escritos antes da polêmica.
Antonio Cândido, anotações finais nas plataformas de streaming Claro TV (antiga NET Now) e Vivo Play, via Canal Brasil.
"Na madrugada de 12 de maio, oito meses antes dessa tarde de chuva em São Paulo, eu morri", diz nos primeiros minutos de filme a voz do ator Matheus Nachtergaele, que faz a interpretação dos textos de Antonio Candido, morto em 2017, aos 98 anos.
"Ao morrer, deixei meus cadernos de anotações no armário do corredor interno do apartamento onde morava há 21 anos.
Antonio Candido deixou 74 cadernos inéditos.
Baseado nos dois últimos, o filme se debruça sobre textos escritos entre 2015 e 2017.
O documentário é tão bom que não tenho vontade de terminar nunca de assistir.
Um clássico. E tem a direção de um dos diretores mais cultos do cinema brazuca: Eduardo Escorel.
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