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Ganha força a proposta de taxar os super-ricos
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ganha força a proposta de taxar os super-ricos

Gabriel Zucman, economista: "A concentração de riqueza significa também concentração de poder, o que corrói a democracia"

É cada vez maior o número de pesquisadores e economistas; de bilionários e governantes, defendendo que os super-ricos devem pagar mais impostos, com taxação de suas fortunas.

Os "liberais" contraditam com dois argumentos: 1) isso pouco ajudaria a resolver a desigualdade; 2) o País que implementar a iniciativa correrá o risco de ver uma debandada de recursos para países mais amigáveis com o dinheiro.

Quanto à primeira questão, nenhuma medida isoladamente acabará com a desigualdade obscena vigente no mundo, a taxação é uma delas. A resposta para a segunda: se muitos países adotarem o imposto, os bilionários não terão para onde correr.

Conforme relatou a plataforma rFI, o jornal francês Les Echos, destacou em sua manchete (18/4) que a França apoia o Brasil na taxação dos super-ricos. A França faz parte dos “quatro grandes” da União Europeia, com Alemanha, Itália e Reino Unido, portanto, um apoio relevante. O tema foi discutido em Washington, na reunião do G20, presidido pelo Brasil este ano, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O economista francês Gabriel Zucman, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), um dos principais defensores da tributação dos ultrarricos, falou na reunião do G20 ocorrida no Brasil, em março.

Na ocasião, ele foi entrevistado pela BBC Brasil, afirmando que, quando os super-ricos não pagam impostos, “é o resto da população que paga, e isso é insustentável".

Em um de seus trabalhos, o relatório global sobre evasão de impostos de 2024, ele garante que um imposto global de 2% sobre a riqueza de bilionários arrecadaria US$ 250 bilhões (R$ 1,24 trilhão) ao ano. Para chegar a esse valor, seriam taxadas menos de três mil pessoas em todo o mundo.

Zucman faz diferença entre renda e riqueza. Ele explica que "renda" não é bem definida, existindo super-ricos que não têm nenhuma renda passível de tributação. Mas "riqueza" é mais bem definida, incluindo a soma do valor de mercado de todos os ativos, menos a dívida.

Ainda falando à BBC, Zucman disse que a "concentração de riqueza significa também concentração de poder, o que corrói a democracia". Aproveitou para classificar de "muito injusto" o Brasil dispensar a cobrança de impostos sobre lucros e dividendos.


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