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Não há "paridade de armas" na disputa com a extrema direita
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Não há "paridade de armas" na disputa com a extrema direita

A esquerda e a direita moderada não podem lançar mão da fórmula depravada de mentiras e violência, usada pela ultradireita nas redes para combatê-la. O que e como fazer, então?

Em entrevista à colunista Mônica Bergamo (Folha, 27/4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz comentários (positivos) sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; disse que não há como cotejar o governo antecedente, de Jair Bolsonaro, com o atual: “Qual o termo de comparação, pelo amor de Deus?” — e que a tarefa até agora tem sido de reconstruir “muita coisa que estava sob decomposição”.

Ele observa o crescimento da extrema direita em nível mundial, prevendo “um inverno longo” de convivência com as ideias extremistas, por isso defende a aliança com a centro-direita para enfrentá-la.

“O fenômeno é mundial, mas aqui tem essa idiossincrasia (Bolsonaro). Eu lamento. Porque até a extrema direita no mundo come de garfo e faca, às vezes”, disse o ministro. (Uma discordância: a extrema direita “no mundo”, apenas simula boas maneiras, na tentativa de camuflar a sua bestialidade.)

Para enfrentar a ascensão da extrema direita, Haddad disse ser preciso melhorar a comunicação do governo, de modo a confrontar a desinformação e os discursos de ódio, sem afetar a liberdade de expressão.

Apesar de não ter entrado em detalhes, um ponto chama a atenção nas declarações de Haddad: “Com a extrema direita não há paridade de armas”. Acrescentou ser esse o motivo de a ultradireita usar o manto da liberdade de expressão para continuar disseminando “fake news”.

Haddad tem razão quanto à disparidade de armas: a extrema direita esparrama pelas redes, sem nenhum pudor, o discurso de ódio, a mentira, o incentivo à violência ao aniquilamento das instituições. Tudo isso sob apelos religiosos mistificadores. Deixar de responder aos ataques não impede que eles circulem largamente pelas redes; respondê-los fazem-nos ganhar mais tração. São esses tipos de postagem que acumulam mais “engajamentos”.

Mas a esquerda e a direita moderada não podem lançar mão da mesma fórmula depravada, por respeito à ética e à moral. O quê e como fazer, então? Esse é o dilema.

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