Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
No Brasil bolsonaristas de carteirinha simulam civilidade para supostamente jogar de acordo com as regras democráticas. É simulação: eles querem entrar em campo para acabar com a partida
O colunista da Folha de S. Paulo Joel Pinheiro da Fonseca faz um apelo em artigo recente: Precisamos do bolsonarismo moderado. Segundo ele, à direita que nunca aceitou Bolsonaro, “resta o trabalho de longo prazo de construir as bases para uma direita liberal no Brasil".
Ainda de acordo com suas palavras, “o Brasil não vai esperar, e o conflito entre petismo e bolsonarismo deve seguir a todo vapor. Assim, “a direita antibolsonarista permanecerá, por enquanto, uma minoria imprescindível no debate público qualificado, mas incapaz de conquistar multidões”.
Para superar esse impasse, Fonseca indica a fórmula de criar “espaços para que bolsonaristas moderados ascendam”. Os tais moderados seriam aqueles que aceitam as regras da democracia.
Corretamente, Fonseca anota que o bolsonarismo surgiu devido ao “profundo mal-estar com a forma de se fazer política no Brasil”, que inclui falta de transparência, descaso com o dinheiro público e desvio de recursos.
Mas erra ao supor que “metade da população” que voltou em Bolsonaro seja bolsonarista. Talvez antipetistas, muitos, o que é diferente. Os bolsonaristas fanáticos devem somar cerca de 20%, o que é muita coisa, admita-se. E têm de ser tratados pelo que são: extremistas de direita, cujo objetivo é destruir as instituições e liquidar com a democracia. Com eles, o diálogo fica bloqueado de partida, pois antes de começá-lo seria obrigatório convencê-los da esfericidade da terra, uma impossibilidade. Resta, portanto, o combate político.
Fonseca insiste argumentando que não será a primeira fez que extremistas se aproximam da moderação para “entrar no jogo". Mas o problema é que a extrema direita quer acabar com o jogo, camuflando-se de “moderada” para entrar em campo. Desse modo, ilude quem não vê ou não quer vislumbrar o horror por trás da máscara.
É o caso da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; e como acontece na França, com com o “reposicionamento” da Frente Nacional, transformada em Reagrupamento Nacional, para esconder no armário os símbolos mais aberrantes do velho partido nazi-fascistoide.
No Brasil alguns desses tipos — bolsonaristas de carteirinha simulando civilidade —, procuram um caminho parecido. Eu é que não vou ajudá-los a encontrar esse rumo.
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