Governador do RS diz não ter investido em prevenção porque a prioridade era a questão fiscal
Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Governador do RS diz não ter investido em prevenção porque a prioridade era a questão fiscal
Na próxima entrevista, seria justo perguntar ao neoliberal Eduardo Leite: "O sr. acha que o Brasil deve continuar pagando os juros da dívida ou salvar os brasileiros do desastre climático?
Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, parece estar se especializando em detonar granadas que guarda em seu próprio bolso, uma evolução do famoso “tiro no pé”. A última dele foi dizer, em entrevista ao Uol que, diferentemente da pandemia da Covid-19, as chuvas foram como uma “bomba que explodiu de uma hora para outra”.
Na mesma entrevista Leite defendeu cuidados com o meio ambiente com esta afirmação: “Você não aperta um botão e muda como a sociedade se organiza, como as pessoas trabalham. Precisa criar incentivos, não basta sair proibindo o que é ruim para o meio ambiente”.
Esse argumento de Leite é tão frágil quanto ao que usou para se desculpar, depois de se mostrar preocupado com o prejuízo que os comerciantes locais teriam devido ao “volume tão grande de doações” às vítimas da tragédia. “Há um receio, pelo que já observamos em outras situações, sobre o impacto que isso terá no comércio local”, disse o governador. Depois desculpou-se, dizendo que sua mensagem não havia ficado clara, mesmo com a limpidez de suas palavras.
Por um período Leite escapou das cobranças difundindo uma tese na qual se autoeximia da responsabilidade: “Não é hora de buscar culpados”. Mas para tudo há um tempo, agora é tempo de falar.
O governador começou a ser lembrado da falta de manutenção do sistema anticheia de Porto Alegre que, caso houvesse funcionado plenamente , poderia ter reduzido os estragos da enchente.
Depois recordou-se ao governador que, em sua primeira gestão, ele promoveu um desmonte da legislação ambiental. Segundo as notícias, ele mudou 500 normas do Código Ambiental do RS, afrouxando a legislação. Talvez com a intenção fosse “criar incentivos", pois, como defende, “não basta sair proibindo o que é ruim para o meio ambiente”. Pelo jeito, a primeira providência é então “passar a boiada” e, depois, sair recolhendo as vítimas.
Não se pode olvidar ainda que, depois das enchentes passou a circular nas redes sociais um vídeo de 2022, no qual o professor de Ecologia, Marcelo Dutra da Silva fala durante uma audiência pública na Câmara dos Vereadores de Pelotas, prevendo possíveis enchentes no Estado, de acordo com os estudos que fazia.
O governador reconhece que havia estudos mostrando que a catástrofe se avizinhava, mas se defende. À Folha de S.Paulo ele declarou não ter investido mais recursos na prevenção porque “o governo também vive outras agendas” e que a pauta “que se impunha era a questão fiscal”.
Sendo assim, na próxima entrevista, seria justo perguntar ao neoliberal Eduardo Leite: “O sr. acha que o Brasil deve continuar pagando os juros da dívida ou salvar os brasileiros do desastre climático?"
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