Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O vice-presidente do União Brasil (UB), ACM Neto, ex-prefeito de Salvador (BA), disse que a direita precisa “furar a bolha do bolsonarismo” para ampliar seu eleitorado ou será novamente derrotada na eleição presidencial em 2026. “Se o campo da direita não furar a bolha, a chance de perder a eleição é grande”.
Presidente da Fundação Indigo (ligada ao UB), ele falou em seminário da Fundação FHC, na capital paulista, como registrou a Folha de S.Paulo. “Se ficar preso a negacionismo, ou a essas pautas mais de costumes, pode novamente ter uma guerra de rejeições, e aí o menos rejeitado ganha”.
Um erro (intencional ou não) que a direita tradicional comete no Brasil é considerar que Bolsonaro é parte desse campo político. Na real, a posição dele no arco ideológico é na extrema direita, como seu colega americano Donald Trump, e mais uma escumalha de menor porte que se espalha por vários países.
ACM Neto, com essa ilusão de “bolsonarismo sem Bolsonaro”, alista-se entre os “caçadores da terceira via”, que já se mostrou um beco sem saída nas eleições de 2022. Mas eles não desistem, pois estão de olho apenas em votos, e não nas consequências nefastas do bolsonarismo. “Não reconhecer que Bolsonaro é o maior cabo eleitoral no campo da direita é fechar os olhos para a realidade”, afirma o político baiano.
Isto é, não importa que Bolsonaro seja negacionista, golpista, candidato a ditador e o escambau. O que conta são os votos de que ele dispõe. Essa turma elide a verdade explícita que Bolsonaro é adepto de políticas fascistoides, desprezando o fato de quem mistura com ele carregará a mesma nódoa, mas talvez nem se incomodem.
A direita democrática europeia conhece bem essa diferença, fazendo alianças com partidos de esquerda e centro-esquerda quando é preciso isolar os candidatos neofascistas e seus partidos. A direita brasileira apresenta-se como democrática, mas submete-se a Bolsonaro. Devia sentir vergonha.
Ronaldo Caiado (UB), governador de Goiás, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), chefe do Executivo paulista, são dois candidatos a protagonizar o filme de ficção baseado em fake news, “O bolsonarista moderado”. Como diria a minha avó: como seriam os truculentos!
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