Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O Sistema Único da Segurança Pública (Susp) poderia dar grande contribuição para a redução da violência. Mas o mecanismo, criado há seis anos, até hoje não deslanchou. A experiência poderia começar pelo Consórcio Nordeste
Foto: FERNANDA BARROS
Governador Elmano de Freitas
O governador Elmano de Freitas (PT), a exemplo de seus antecessores, não consegue acertar na área da segurança pública. Na mais recente crise, depois de uma declaração desastrada do então titular da Secretaria da Segurança Pública, Samuel Elânio, o governador o afastou rapidamente do cargo. Em seu lugar foi nomeado outro delegado federal, Roberto Sá, o que pode sugerir mais do mesmo, apesar das “novas” medidas anunciadas.
Na posse do novo secretário, o governador afirmou que será “implacável” contra o crime, e que “bandido no Ceará será tratado como bandido que aterroriza nosso povo”, o que deveria ser uma obviedade. Como já ensinava Lúcio Flávio, famoso fora da lei na década de 1970: “Bandido é bandido, polícia é polícia”. Mas o fato é que não será com bravatas que o problema da (in)segurança pública será resolvido.
Normalmente governadores adotam medidas que funcionam no curto prazo, ou sofrem o efeito sanfona: os índices sobem e descem, sem correlação com as políticas de segurança, como acontece há dez anos no Ceará. A busca por resultados rápidos em uma área em que isso é impossível, sempre resulta em frustração.
Uma medida que parece positiva foi o anúncio da criação de um “comitê estratégico”, com vários órgãos oficiais, para compartilhar informações, de forma a melhorar as investigações. Porém, a questão da segurança não depende apenas de políticas locais, em uma época em que o crime e as facções disseminam-se por todo o País.
O Sistema Único da Segurança Pública (Susp) poderia dar grande contribuição para a redução da violência. Entretanto, criado há seis anos, até hoje não deslanchou. A grande dificuldade para o funcionamento do Susp é que o comando das polícias — à exceção das federais — está disperso entre 26 estados e o Distrito Federal. Assim, uma diretriz do Ministério da Justiça (MJ) pode ou não ser acatada.
Seria necessário criar uma coordenação nacional com a participação do MJ e de representantes de todas as unidades federativas construindo um pacto para acatar as medidas deliberadas nesse fórum. A experiência poderia começar pelo Consórcio Nordeste. É um trabalho difícil e de longo prazo, mas fora disso sobra o populismo.
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