Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Resta a pergunta: que tipo de necessidade psicológica leva alguém a votar em um sujeito dessa qualidade? Talvez Reich explique
Foto: Reprodução/Instagram
Pablo Marçal utilizando pulseira na cor verde em hospital na capital paulistana
O comportamento do “coach” (seja lá o que isso signifique) Pablo Marçal, intensificou o debate de como devem ser tratados personagens como ele. Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, usa, com mais selvageria, as técnicas que tornaram conhecido outro personagem da mesma estirpe, Jair Bolsonaro.
Se a imprensa não soube lidar com Bolsonaro, menos ainda com Marçal, que deita e rola nos debates dos quais participa, distribuindo agressões a torto e a direito, em um circo vicioso. Escrevi “circo” de propósito, no qual Marçal é o palhaço sinistro e os demais candidatos e jornalistas, meros figurantes.
Essa sinuca se apresenta quanto à presença de Marçal nos debates. Como seu partido não tem representação na Câmara, o convite não é obrigatório. Mas ele é chamado, por ser um candidato competitivo, assim haveria interesse jornalístico em sua participação.
O jornalista Leão Serva defende que Marçal seja impedido de participar dos debates, por ser uma ameaça à democracia. O título do artigo resume o seu argumento: “Imprensa repete erro que levou Hitler ao poder ao chamar Marçal para debates". (Folha de S. Paulo, 23/9/2024.)
Na mesma edição, o economista Joel Pinheiro da Fonseca responde: “A imprensa não é nem pode ser tuteladora da democracia". Para ele, o “papel do jornalismo não é mais o de megafone de algumas poucas vozes”, destacando a relevância das redes sociais.
Teoricamente, existem argumentos a se considerar de ambos os lados, em um debate que merece aprofundamento. Mas vamos pôr a bola no chão, avaliando o caso específico de Marçal.
Ele criou confusão e estimulou a violência em todos os debates dos quais participou. Assim, suspendê-lo por dois ou três eventos, equivaleria a mandar o aluno bagunceiro para a diretoria, ou punir um time com jogo sem público quando sua torcida pratica atos racistas. Seria um meio-termo entre proibir sua presença, sem deixar de apená-lo pela sua bestial palhaçada.
Resta a pergunta: que tipo de necessidade psicológica leva alguém a votar em um sujeito dessa qualidade? Talvez Reich explique.
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