Logo O POVO+
Trump e "O grande ditador"
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Trump e "O grande ditador"

O presidente dos Estados Unidos usa o poderio americano para constranger, agredir e ameaçar a quem ousa interpor-se em seu caminho
Adolf Hitler (1889-1945), ditador nazista (Foto: AFP )
Foto: AFP Adolf Hitler (1889-1945), ditador nazista

O comportamento de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, lembra o personagem de Charlie Chaplin em “O grande ditador” (1940).

No filme, um libelo contra regimes autoritários, Hynkel (Hitler) brinca com um globo terrestre simbolizando seu sonho sinistro de dominar o mundo com um “reich de mil anos”.

Esse é o mesmo desejo de Trump, que usa o poderio americano para constranger, agredir e ameaçar a quem ousa interpor-se em seu caminho.

Em um de seus aspectos, o filme aborda a rivalidade entre os dois ditadores, Hynkel e Napaloni (Mussolini), a partir de questões ridículas, como a disputa para ver quem senta na cadeira mais alta ou quem dá mais ordens aos subordinados.

Essa talvez seja a principal diferença entre a película e a realidade atual, pois o candidato a ditador quer andar de mãos dadas com o déspota russo, Vladimir Putin, para impor uma derrota humilhante à Ucrânia.

A irritação de Trump foi vista por todo o mundo na entrevista coletiva na qual ele desrespeitou um chefe de Estado com seu país em guerra, Volodymyr Zelensky.

Pouco antes, o ucraniano havia se recusado a assinar um plano para sustar a guerra, que fazia concessões indevidas à Rússia (não ficava claro que o confronto começou pela invasão do território ucraniano) e não dava garantia de segurança à Ucrânia. Além disso, cedia exploração de recursos minerais aos EUA.

O destampatório de Trump provocou uma onda de solidariedade à Ucrânia. Neste domingo (2/3/2025), chefes de Estado de 18 países e autoridades da União Europeia e da Otan reuniram-se para discutir o fim da guerra, propondo uma trégua de um mês no conflito. França e Reino Unido buscam garantias dos EUA para enviar tropas à Ucrânia, após um acordo de paz, para garantir a segurança do país.

É bom que os adultos tenham entrado em cena mostrando disposição por chegar a uma solução adequada para o conflito.

No filme de Chaplin, a sua dança com o globo terrestre termina quando o balão estoura. Isso tanto pode ser visto como metáfora para o fim de suas ilusões, mas também quanto às terríveis consequências que podem advir de um governo autoritário.

Chaplin, para revigorar a mensagem que transmite em sua obra, termina o filme com um poderoso discurso em favor do humanismo, da liberdade e da paz. Era um dos momentos mais conflituosos da história modera, uma guerra que terminaria somente cinco depois desse filme, com a derrota de forças tenebrosas que hoje ameaçam retornar.

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?