Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
As plataformas não reajustam tabelas há quase três anos. Motoboys reivindicam valor mínimo de R$ 10 por entrega e aumento do quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50
Foto: FÁBIO LIMA
FORTALEZA, CE, BRASIL,15.05.2023: Entregadores de aplicativos fazem protesto por melhores condições de trabalho. Av. Antonio Sales.
Os entregadores de aplicativos organizam um “breque” (greve) em todo o País nos próximos dias 31 de março e 1º de abril.
A categoria já fez anteriormente paralisações isoladas, mas esta será “o maior breque da história”, segundo um dos organizadores do movimento, Nicolas Souza Santos, motoboy em Juiz de Fora (MG).
Ele diz que a segunda e terça-feira foram estrategicamente escolhidas, pois no fim de semana os trabalhadores podem fazer uma reserva de recursos para segurar os dois dias de paralisação.
As principais reivindicações dos entregadores são:
— Aumento da taxa mínima de entrega de R$ 6,50 para R$ 10 por corrida.
— Elevação do valor pago por quilômetro rodado, passando de R$ 1,50 para R$ 2,50.
— Distância máxima de três quilômetros para entrega com bicicletas.
— Garantia de pagamento integral para cada pedido, mesmo quando existem várias entregas em uma mesma rota.
As operadoras de aplicativos não reajustam suas tabelas há quase três anos.
O movimento pretende alcançar todas as plataformas, como Uber Flash, 99 Entrega e Ifood, que deve sofrer maior pressão. Segundo Nícolas, quando o Ifood incorpora uma reivindicação, as demais tendem a acompanhá-lo.
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou 589 mil trabalhadores em plataforma de entrega no Brasil. O IBGE não calculou o número de entregadores em cada plataforma, mas somente o Ifood deve somar cerca de 400 mil registros.
Nícolas diz entender a vontade de os trabalhadores de aplicativos continuarem como autônomos, mas diz que as plataformas estreitam cada vez mais essa possibilidade.
Ele afirma que os aplicativos têm vários sistemas de avaliação interna: score (pontuação), saúde da conta, avaliação do cliente e avaliação do estabelecimento. Segundo ele, a qualquer deslize, surge a ameaça; “Detectamos um comportamento incomum”, o que pode levar à desativação do aplicativo. Segundo ele, dois anos atrás não existiam controles tão apertados.
Nícolas dá outro exemplo da falta de autonomia. Diz que, de vez em quando, ele pode recusar uma corrida, “mas só algumas vezes, porque senão eu tomo um bloqueio”. Para ele, “a subordinação é escancarada”, mas que permanece nos entregadores, “a vontade de ser autônomo”.
PS. As declarações de Nicolas Souza Santos foram colhidas na revista Teoria e Debate.
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