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A Capital Cearense da Megafauna Pré-Histórica II
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Raymundo Netto é jornalista, escritor, pesquisador e produtor cultural, autor de obras premiadas, em diversos gêneros ficcionais ou não. É gerente editorial e gestor de projetos da Fundação Demócrito Rocha.

A Capital Cearense da Megafauna Pré-Histórica II

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Tipo Crônica

É em Itapipoca, no Ceará, onde encontramos a maior quantidade e qualidade de fósseis de megafauna pré-histórica e a maior variedade de espécies. Acredita-se ser aquela região, por motivos ainda hoje apenas supostos, a única no Brasil que adquiriu as condições necessárias de acolhimento e aclimatação ideal para esses animais.

Ali, uma das descobertas mais curiosas, encontrada no sítio paleontológico denominado "João Cativo", é a de vestígios de interação de humanos pré-históricos com a megafauna. Aliás, segundo o paleontólogo e curador do Museu de Pré-História de Itapipoca (Muphi), Celso Lira Ximenes, também relator da Lei Municipal que criou o equipamento, "trata-se do primeiro registro da interação humanos-megafauna na pré-história do estado do Ceará". Entre esses vestígios, marcas no fêmur do fóssil de paleolhama (um parente distante da simpática lhama), causados por instrumentos de pedra, possivelmente na tentativa de cortá-lo em pedaços menores.

O Muphi, em exercício desde 2005, está de mudança em breve para sua sede própria, ora em processo de requalificação e restauração do prédio, um patrimônio histórico edificado de grande simbologia para o município, daí seu projeto ser pensado de forma a preservar ao máximo as suas características e elementos arquitetônicos, como a imponente escadaria principal, as fachadas, rampas de acesso, colunas, arcos etc. Inaugurado, continuará o seu programa permanente de pesquisar e manter a guarda dos fósseis de megamamíferos (animais acima de 1.000kg), a "megafauna pré-histórica", e de artefatos arqueológicos, especialmente os líticos, extraídos dos sítios da região. Claro que a ação do Muphi não se restringe apenas ao seu espaço edificado, pois entre seus objetivos estão: promover ações de preservação dos sítios pré-históricos (inclusive, por meio de parcerias, denunciando suspeitas de comercialização ilegal de fósseis e a depredação de regiões fossilíferas/paleoambientes), de fomento e promoção da divulgação científica, a educação patrimonial, o turismo cultural e a integração social das comunidades adjacentes aos sítios com os trabalhos de pesquisa e conservação. Ou seja, o Muphi é vivo, dinâmico e opera junto à comunidade - podendo gerar trabalho e renda -, não apenas a local nem mesmo nacional, mas devido à relevância e o interesse do tema, também internacionalmente.

Para tal, contará com alguns núcleos: administrativo, curador (rica e diversa reserva técnica de paleontologia/arqueologia, laboratório de conservação, sala de triagem, sala de equipamentos de escavação), expositivo (projeto expográfico: exposições permanentes, temporárias e itinerantes, memorial, área externa de jardim) e educativo e de comunicação (biblioteca, sala para cursos/oficinas, espaço-café, posto de referências turísticas, oficinas e palestras também itinerantes, publicações/divulgação científica), entre outras surpresas que preferimos não nos adiantarmos, mas que certamente vai encantar a todas e a todos, de todas as faixas etárias e interesses, que percorrerem o jardim, corredores e salões desse ansiosamente aguardado equipamento cultural público da Prefeitura de Itapipoca vinculado à sua Secretaria da Cultura.

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