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Assassinatos em escola e hospital: a urgência de um pacto estratégico em nome da segurança
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Ricardo Moura é jornalista, doutor em Sociologia e pesquisador do Laboratório da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC)

Assassinatos em escola e hospital: a urgência de um pacto estratégico em nome da segurança

Fortaleza registrou na mesma manhã o homicídio de um adolescente em escola no Passaré e o cruel assassinato de funcionário do IJF
Tipo Notícia
Funcionário do IJF foi assassinado e decapitado (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Funcionário do IJF foi assassinado e decapitado

Em 2018, a Prefeitura de Fortaleza aderiu ao programa Acesso mais Seguro, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). O objetivo da parceria era garantir que a população tivesse acesso a serviços públicos essenciais mesmo em áreas de vulnerabilidade social e com elevados índices de criminalidade e violência. A medida foi tomada logo após o Ceará bater o recorde de assassinatos em meio ao momento mais agudo da guerra entre facções.

Há um consenso de que, mesmo nos conflitos armados mais renhidos, o mínimo de sociabilidade pacífica precisa ser mantido. Esse é um parâmetro para se mensurar o tamanho da gravidade dos fatos ocorridos na manhã de ontem: dois casos de assassinatos em instituições que deveriam servir como um ponto de apoio seguro tanto para os cidadãos que delas se valem quanto para as pessoas que trabalham em tais estabelecimentos.

As motivações dos dois crimes divergem frontalmente. Em comum, o estado de vulnerabilidade dos espaços públicos em um cenário de recrudescimento da violência letal. Em ano eleitoral, falta quem assuma a responsabilidade e sobram terceirizações. O bate-boca que seguiu, entre Governo do Estado e Prefeitura, após a divulgação dos homicídios, não é o que esperamos de nossas lideranças políticas.

Cada ente público possui suas obrigações. Estados e municípios não fogem a essa regra, possuindo papel de protagonismo no que tange à segurança pública.

O mais sensato a se fazer é aparar as arestas entre os dois poderes com vistas à melhoria da segurança da população. Firmar um pacto de entendimento sobre pontos centrais que vão além das desavenças eleitorais. Os motivos para esse “cessar-fogo” são vários, mas me detenho em apenas dois: a) as pessoas, de modo geral, não querem saber se cabe a partido X ou Y assegurar a segurança, mas ter esse direito garantido em seu cotidiano; e b) até mesmo por uma questão de cálculo eleitoral, quem é vitrine não pode ficar atirando pedra a esmo no vizinho. Nesse entrevero, somente os franco-atiradores saem ganhando.

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