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Wagner e a arte da reinvenção na política
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Ricardo Moura é jornalista, doutor em Sociologia e pesquisador do Laboratório da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC)

Wagner e a arte da reinvenção na política

Muito será escrito sobre os vencedores do primeiro turno, mas prefiro me deter sobre quem saiu derrotado do pleito deste ano. Wagner Sousa (União Brasil) pagou um preço alto por se apresentar como candidato de centro-direita em um cenário político polarizado, com pouca margem para que candidaturas independentes ganhassem espaço em meio a uma disputa ideológica que supera o debate sobre a cidade.

Um novo campo de forças políticas se desenha em 2025. Se Evandro vencer, teremos uma situação inusitada de um mesmo partido comandando o Estado e a Capital, consolidando a força do camilismo no Ceará. A última vez em que isso ocorreu foi no início dos anos 1990, com Tasso governador e Ciro prefeito.

A vitória de André Fernandes abre novas oportunidades para Wagner, mas em um papel secundário. Assumir a secretaria de segurança municipal em um futuro governo do PL - que precisará de alianças para poder governar - parece ser a escolha mais óbvia. O preço a pagar será a adoção de uma série de medidas que o próprio candidato do União Brasil criticou na campanha, como o uso de fuzis e de caveirões pela Guarda Municipal nas periferias.

Migrar para a pasta da Saúde seria uma opção menos turbulenta. Veríamos, então, o que o gestor de Maracanaú pode fazer em Fortaleza. Wagner Sousa seguiria uma trajetória semelhante à de Moroni Torgan, que, após derrotas seguidas na disputa pela Prefeitura, tornou-se vice-prefeito e passou a lidar com a política de segurança do município.

Todos os cenários acima levam em consideração a perspectiva de apoio do PL a uma possível candidatura de Wagner ao Governo do Ceará em 2026. Haveria outra alternativa? Acredito que sim, embora seja mais arriscada e ambiciosa. E passa pela tentativa de construção de um campo de centro-direita não bolsonarista no Estado.

Wagner pode permanecer no União Brasil, mas também poderia se filiar ao PSDB em um esforço de unir forças com PDT (sim, isso passa por um acordo de paz com Ciro Gomes) a fim de criar uma terceira força política no Estado que não fique refém dos ditames de André Fernandes. O desgaste natural do governo Elmano e o imponderável do que seria uma gestão do PL em Fortaleza dariam fôlego a esse projeto. n

 

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