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Direita, volver
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

Direita, volver

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Nos difíceis tempos que correm, fico pasmo em ver sujeitos abrindo a boca para vociferar, batendo no peito, que são de direita. De direita, não, de extrema-direita, o que é pior. Defendem uma liberdade que restringe a dos outros, dizem-se antissistema querendo destruir todo o arcabouço dos poderes constitucionais, sonham com golpes de estado e querem ver penduradas numa corda certas figuras da República. Num passado recente, logo após a última ditadura, se existiam, essas pessoas deveriam estar escondidas em algum bueiro. Não, não estavam recônditos. O desgoverno do inominável, inelegível e inviajável deu força a quem trazia na cabeça, na alma e no coração o veneno do ódio que agora se espalha pelas ruas. E o mais grave: anseiam pelo poder.

E no resto do planeta o cenário não está diferente. Na Europa, então, a coisa está feia. O que dizer dos governos da Hungria e da Itália? Dos partidos negacionistas e reacionários da França, de Portugal e da Alemanha? Da volta do nazismo na terra de Franz Beckenbauer? O debate entre biden e trump (sic, revisor, em minúsculas) mostrou a decadência dos EUA. De um lado, um ancião senil e do outro um criminoso mentiroso, todos lutando para liderar uma nação comprometida até a medula com a guerra e o desassossego mundiais. Lá, o jumento e o elefante estão cada vez mais parecidos um com o outro. Na semana passada, na vizinha Bolívia, um generalzinho golpista de opereta queria apenas apear do cargo o presidente do país. Sí, hay que tener cojones...

Neste segundo semestre, que se inicia hoje, teremos eleições municipais no Brasil. Em Fort City, a campanha já começou faz muito. Uma candidatura de direita, duas de extrema-direita, uma de centro, uma de centro-esquerda e uma de esquerda, até onde se sabe. Como a direita e a extrema-direita abordarão os tremendos problemas desta sofrida cidade se as suas propostas estão sempre centradas numa pauta de costumes regida pela Bíblia e pela bala? O que têm para oferecer, sinceramente? Se for para entregar na escala do município o caos administrativo e moral do bolsonarismo, nos poupem. Dirão alguns: "Ah, mas na democracia é assim, é a alternância de poder que manda". Será mesmo? Valerá trocar uma proposta boa por outra sabidamente péssima?

Aliás, o que a direita, a extrema-direita têm para dar que não seja preconceito de todas as formas possíveis, violência, desigualdade, privilégio aos que mais têm, golpismo, entre outras desgraças? E é aí que entra o pobre de direita, essa barata adoradora de baygon. O sujeito rala (quando tem emprego) o ano inteiro, ganha um salário miserável, mora longe e mal, come gororoba, mas é sempre o primeiro no cercadinho quando o tirano vai discursar. Como explicar esse tipo de comportamento sem que se aponte a falta de educação política e consciência de classe? Se o analfabetismo funcional grassa, não há reflexão elevada sobre a vida e o sujeito segue somente existindo. Que a Parada Gay de ontem tenha colocado tais temas para os tais candidatos. Madonna neles!

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