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Viola no saco
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

Viola no saco

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E quando se pensava que os eventos terroristas do 08/01/2023 não se repetiriam (ou pior, seriam perdoados, já que, como diz a letra do samba, "perdão foi feito pra gente pedir"), eis que a serpente golpista, silvando, põe sua língua bífida para fora e espalha o seu veneno mais uma vez em Brasília. Um zé-ninguém bolsonarista (pleonasmo), metido a Unabomber, detonou-se em plena Praça dos Três Poderes, não sem antes publicar mensagens odientas nas redes sociais, tentar invadir o STF e deixar na sua casa umas lembrancinhas explosivas para os investigadores. Por testemunha, ainda assustada, a estátua da Justiça, defronte à Suprema Corte. O caso é sério, muito sério, por revelar que os que são contra a democracia e o estado de direito ainda estão por aí, só aprontando.

Claro que, no seio dos "patriotas", um ato dessa natureza é visto como um evento heroico, já que a psicopatia é um dos seus traços marcantes. Outra característica sua é a visão colonizada e subserviente da realidade. Foi só o bufão pele-de-Fanta ganhar a eleição nos EUA (Biden e Kamala, que dupla ruim de voto são vocês...) para a choldra reacionária brazuca mostrar as afiadas garras. Seu líder, o inominável/inelegível/inviajável, sonha em afivelar as malas para encontrar-se com seu ídolo, lamber-lhe as mãos e fazer-lhe festinhas. Pelo semblante dos membros do STF, será melhor ele comprar uma TV Colorado RQ P&B para assistir à posse do seu guia. Muita cara de pau e pouco óleo de peroba, os males do Brasil são. Os malfeitos estão todos aí, gravados, para quem é esquecidinho.

Lembro-me perfeitamente do "mito" a cavalo, açulando seus apoiadores contra os poderes da república na porta do Forte Apache, na capital do país; da famosa reunião de 22/04/2020, que mais pareceu um episódio, movido a palavrões, da Escolinha do Professor Raimundo; da passeata defronte ao STF, da qual até ministro participou, quando foram jogados rojões no Supremo; da reunião entre o presidente e seus auxiliares diretos, marcada pelo desespero e gravada pelo ajudante de ordens, quando se desenhou o golpe; e da palhaçada da tentativa de destruição do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, que não foi um mero passeio de domingo de grisalhos no parque ou, como dizia minha Tia Santa, "brincadeira de menina-fêmea". Sim, fatos gravíssimos, entre tantos outros mais.

O certo é que a peraltice mortal e cheirando a pólvora do tal zé-ninguém (para despistar, logo tido como "maluco" por seus pares) colocou a malandragem da anistia aos bandidos do 08/01/2023 sob sete palmos de terra. A jogadinha, feita para também e principalmente perdoar sua liderança máxima, como se diz na gíria atual, flopou. Anistiar criminosos é mantê-los impunes, é dar-lhes a chance de praticar novas ilicitudes. Aliás, cadeia serve para isso e não somente para a arraia-miúda. O caso lembra o que houve entre o prefeito eleito Evandro Leitão e o abusador de suínos que é vereador, fator fundamental para a derrota do candidato deste por um cabelinho (que ele raspou...). O episódio e a reação ao ocorrido trazem em si um duro aviso: viola no saco, negrada, que a PF vem aí...

 

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