Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
No âmbito da direitização do mundo, a corja reacionária brasileira se mostra cada vez mais assanhada. Há dois anos, elegemos um presidente democrático com uma margem ínfima de votos. Há dois meses, escolhemos para prefeito de Fortaleza um candidato que venceu seu oponente por um percentual ridículo, apenas 0,76 %. Escapamos por pouco de um golpe militar; tudo bem, tabajara, mas no qual se previa o assassinato da cúpula da República. Há 40 indiciados, 25 deles militares de alta patente, vários presos, responsáveis pela minuta da quartelada, o funesto evento do 08/01/2023 e as tentativas de desestabilização do sistema eleitoral do País. Mesmo assim, a escumalha, que nada tem a oferecer a alguém a não ser o pior dos infernos, não para de causar e tensionar.
Evitada a investida de sublevação da ordem pelos fardados, a choldra, que odeia a ideia de colocar pobre no orçamento nacional, continua ameaçando a vida de Pindorama em outras frentes. Uma delas é o tal mercado, com sua mão invisível a nos bater a carteira, que será comandado até amanhã pelo bob fields III (já vai tarde). Num cenário de franco crescimento econômico, de retirada de milhões de pessoas da extrema pobreza e de flagrante queda do desemprego, de que os altos números das compras natalinas e das viagens de turismo nacionais e internacionais são prova, eleva-se o dólar a preços estratosféricos e os juros a valores impraticáveis. Sacanagem? Se não for, não sei que nome terá. Ampliou-se a faixa de isenção do IR e aí o ódio cresceu. Mercado bom é o São Sebastião.
Uma outra frente é a do Congresso. Câmara e Senado, compostos pelas piores bancadas já eleitas nos últimos tempos (a culpa é nossa), exibem uma avidez tremenda por dinheiro público, sendo chefiados por uma dupla que também será ejetada do poder amanhã. Hábeis quando se trata de chantagear o governo, não querem dar quaisquer informações quanto ao montante, destino e emprego das tão bem-amadas emendas parlamentares, que não desejam ver rastreadas. Em boa hora, o ministro Dino acabou com a farra, dizendo o óbvio: a utilização dos recursos do Tesouro requer transparência. Isso num momento em que o poder legislativo, nas esferas federal, estadual e municipal, assim como o judiciário, já cuidaram de dar um up nos seus salários. Na hora da boquinha, não se brinca...
Muita coisa poderia ser dita ainda com relação às "contribuições" do agro (em boa parte tóxico), das polícias (com laços cada vez mais apertados com o crime), das milícias, das facções e do narcotráfico. A atividade criminosa já contaminou todos os setores do cotidiano, vindo para ficar e invertendo conceitos. A simples microfísica das questões sociais escancara o racismo, o preconceito e a violência contra o diferente como vigas mestras da estrutura da sociedade. Brasileiro, profissão esperança? Até quando esperar? Vale a pena? Ou será melhor fazermos acontecer? Vejo o povo na rua, calado, sem tugir nem mugir, talvez preocupado com o menu do Réveillon. Gostaria que esta minha última crônica do ano fosse leve. O jasmim florido, róseo, me abraça com a sua sombra.
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