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A banalização do processo político
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Procurador da República, atuando especialmente nas áreas de Direito Penal, Constitucional e Administrativo é graduado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Especialista em Direito e Processo Tributário e em Direito Constitucional

A banalização do processo político

Mais recentemente, se assiste à banalização do processo eleitoral, motivada por fatores variados como a influência das redes sociais, a relevância das temáticas de costumes e religiosas e a baixa resolutividade de problemas pelo Estado
Tipo Opinião
Rômulo Moreira Conrado, procurador da República (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Rômulo Moreira Conrado, procurador da República

Reconhecer a importância da democracia exige um profundo comprometimento com a tomada de decisões, sendo uma das mais relevantes o voto. Para tanto, torna-se imprescindível um exame profundo acerca dos temas a serem enfrentados como os gravíssimos problemas sociais, que passam pela precarização do trabalho, violência urbana, serviços públicos e papel do Estado.

No contexto histórico brasileiro, se assistiu no início da era Vargas a um cenário que tinha como pano de fundo o moralismo na política, capitaneado pela União Democrática Nacional em oposição aos governos do Partido Trabalhista Brasileiro e Partido Social Democrático, ao qual se associavam questões como maior ou menor alinhamento com Estados Unidos e União Soviética, industrialização nacional, reforma agrária, desenvolvimento do Nordeste, riquezas minerais, petróleo, etc. Ainda que com enormes contradições formou-se um debate ideológico relevante.

Com a redemocratização, e ante as graves crises que não foram debeladas por diversos planos mal sucedidos, o tema da economia assumiu a dianteira, se atribuindo grande peso à necessidade de combater a inflação e a elementos como a redução das desigualdades e melhoria da qualidade de vida da população mais carente, entrando em choque diferentes visões acerca desses pontos, igualmente de extrema importância.

Mais recentemente, contudo, se assiste a uma profunda banalização do processo eleitoral, motivada por fatores variados como a influência das redes sociais, a cada vez maior relevância das temáticas de costumes e religiosas e a baixa resolutividade de problemas pelo estado, desconsiderando que diversas questões abordadas não guardam qualquer relação com as competências dos municípios.

Os candidatos não mais expõem concepções de mundo ou projetos, mas sim procuram "lacrar", com vídeos recortados, provocações, memes, brincadeiras e dancinhas. O engajamento das redes é mais valorizado que suas qualificações e das ideias que defendem. A democracia se fragiliza quando aqueles que dominam as redes sociais pautam um debate sem conteúdo.

 

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