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Casa Museu Cego Aderaldo
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Cineasta e escritor

Casa Museu Cego Aderaldo

O espaço impulsionará a promoção, conservação e renovação do repente e da literatura oral e de cordel, articulando linguagens, novas tecnologias e trocas culturais entre várias gerações
Tipo Opinião
Repentistas se apresentam em noite cultural na Casa de Saberes Cego Aderaldo, em Quixadá (Foto: W. Ribeiro)
Foto: W. Ribeiro Repentistas se apresentam em noite cultural na Casa de Saberes Cego Aderaldo, em Quixadá

Uma boa notícia anima o cenário cultural do Ceará: a Secult-CE e a Casa de Saberes Cego Aderaldo conduzem estudos para viabilizar a Casa Museu Cego Aderaldo, a instalar-se na residência onde o poeta viveu, em Quixadá. O imóvel, preservado com mínimas adaptações, guarda o acervo diverso reunido e protegido por Dona Nair Brito, viúva de Mário Aderaldo; conversas permanentes com a família sustentam a iniciativa.

Proposto como espaço vivo, o museu honrará a trajetória do maior cantador do Sertão, abrigando centro de estudos, bibliotecas especializadas, festivais, seminários e programas de experimentação artística que manterão pulsante a poesia popular, a cantoria e o repente. A instituição funcionará como guardiã de objetos pessoais, instrumentos musicais, fotografias, manuscritos, gravações e mobília de época, permitindo que futuras gerações reconheçam a obra, a ousadia e a modernidade de Cego Aderaldo.

Mais do que um projeto de preservação, a Casa Museu configura um programa integrado de educação, turismo e economia criativa. Ao celebrar o passado, abraça o presente e inspira o futuro, estabelecendo-se como plataforma de cooperação cultural nacional e internacional, aberta também ao estudo comparado de outros repentistas e poetas nordestinos, griôs africanos, cantadores indígenas, trovadores/payadores latino-americanos, europeus e orientais. Na força mitológica de Cego Aderaldo, o mito e o homem histórico se fundem num arquétipo de transformação que reafirma as raízes culturais brasileiras e a potência criativa sertaneja.

O espaço impulsionará a promoção, conservação e renovação do repente e da literatura oral e de cordel, articulando linguagens, novas tecnologias e trocas culturais entre várias gerações, além de estimular pesquisas acadêmicas interdisciplinares e residências artísticas. Objetiva também fortalecer vínculos comunitários e a democratização de acesso às artes. Desde o I Festival Internacional de Trovadores e Repentistas, realizado em Quixadá/Quixeramobim, venho defendendo essa ideia; dez anos depois, alegra-me ver o projeto ganhar fôlego.

Se levado adiante pela secretária Luiza Cela, o Ceará e o Brasil conquistarão um equipamento de grande significado, capaz de irradiar arte e conhecimento, fortalecer identidades, gerar oportunidades e impulsionar o reconhecimento da região do Sertão Central como importante polo cultural.

Foto do Rosemberg Cariry

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