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A última sessão de Freud
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Psicóloga e psicanalista

A última sessão de Freud

Assim como a invenção dos irmãos Lumière, pensada como "arma de guerra", (Paul Virilio), a psicanálise, como diz a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco, "se transformou num idioma comum, falado pelas massas e pela elite"
Tipo Opinião
Ator Anthony Hopkins
 (Foto: AFP PHOTO/CARL COURT)
Foto: AFP PHOTO/CARL COURT Ator Anthony Hopkins

Dirigido por Matthew Brown e com interpretações marcantes de Anthony Hopkins como Sigmund Freud e Matthew Gode como C. S. Lewis, o filme título deste artigo é uma adaptação cinematográfica da peça de Mark Germain e tem como cenário uma Londres às vésperas da II Guerra Mundial, cidade para onde o criador da psicanálise mudou-se em 4 de junho de 1938, com sua família e seu chow-chow Jofi, fugindo do Regime Nazista.

Freud, o homem que mudou a humanidade para sempre, que mudou a forma de pensarmos acerca de nós mesmos, recebe a visita do professor de Oxford em seu endereço londrino 20 Maresfield Gardens, hoje o Freud Museum para um encontro marcado por temas como o futuro da humanidade, a existência de Deus, o amor, a sexualidade. Nessa "sessão" emergem experiências primevas de cada um desses homens, suas divergências e suas similitudes.

Cinema e psicanálise nasceram juntos no final do século XIX. Assim como a invenção dos irmãos Lumière que já foi pensada como "arma de guerra", (Paul Virilio), a psicanálise, como diz a historiadora e psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco, "se transformou num idioma comum, falado pelas massas e pela elite". É inegável o abalo causado pela invenção freudiana no que diz respeito a descoberta das determinações inconscientes da ação humana.

Na película (assim como na vida) os diálogos dos dois intelectuais são atos de fala que somente se consumam no endereçamento a um outro porque a criação de sentido para a vida humana nunca é um ato individual, é sempre uma tarefa coletiva. Em diversas cenas penso que fica claro ao expectador que, para que surja o olhar inconsciente é preciso que a visão seja excluída. Uma dessas cenas faz o mestre vienense escutar a imagem em movimento de sua filha preferida Sophie, morta aos 26 anos vítima da gripe espanhola. Essa lembrança reavivada possibilitou um olhar, um fixar a vista na dor dilacerante da qual ele disse ser a forma de seguir apegado ao amor e, por isso, era melhor não se desprender totalmente dela.

Aos 86 anos, o galês Anthony Hopkins é espetacular na pele de Sigmund Freud em seus últimos dias de vida. Imperdível!

 

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