Psicóloga e psicanalista
Psicóloga e psicanalista
Aprendemos com Sigmund Freud que os instintos humanos são de dois tipos: aqueles que tendem a preservar e unir - Eros e aqueles que tendem a destruir e matar - Tanatos. Ambos são essenciais, um está amalgamado ao outro. Jaques Lacan, um de seus discípulos, demonstrou que amor e ódio não são pares enodados, mas extremos, criando a noção de amódio, ou seja, só pode amar quem pode odiar também. O instinto de amor, quando dirigido a um objeto necessita de alguma contribuição do instinto de domínio para que obtenha a posse desse objeto. O instinto de autopreservação, de natureza erótica, deve ter à sua disposição a agressividade para atingir seu objetivo. Resumindo: Eros, a pulsão de vida, produz a barragem do gozo de Tânatos, a pulsão de morte.
São muitos os motivos que levam os seres humanos à guerra, à destruição, à violência. Alguns desses motivos são nobres, outros vis, alguns francamente declarados e outros jamais declarados. As crueldades que encontramos na história e em nossas vidas de todos os dias atestam a existência e a força desse desejo de agressão e destruição, diz Sigmund. "De nada vale tentar eliminar as inclinações agressivas dos homens". Amar ou odiar faz parte da condição de sujeito de todos nós.
Matar o semelhante certamente foi algo tão natural, corriqueiro e frequente na trajetória humana que exigiu a emergência de uma lei pacificadora instauradora da civilização. "Amarás ao próximo como a ti mesmo". "Não matarás". Para muitos, esse é o pacto civilizatório. A questão é que quando a lei é inaugurada a transgressão entra em cena.
Podemos pensar uma descrição do mal na forma da corrosão do caráter resultante da depredação do patrimônio cultural democrático, mas também quando o respeito à integridade física e moral do outro e às instituições, como assistimos ao vivo no oito de janeiro de 2023 e agora mais recentemente quando veio à tona todo um plano para matar envenenados um presidente, seu vice e um ministro do Supremo. De fato, pensar pode não ser problema mas quando esse pensar se traduz em um plano arquitetado de forma minunciosa, ai a cena é outra. Quando um grupo arquiteta destruir preceitos humanistas como o respeito à integridade física e moral de outros e às instituições simbólico-materiais que garantem a vigência de tais preceitos, aí é questão de polícia.
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