
Psicóloga e psicanalista
Psicóloga e psicanalista
O período momino chegando e os "hits" bombando. De "Sequência Streptease", "Motinha 2,0", "Porsche Azul" passando por "Resenha do Arrocha", a lista é grande quando o quesito é mau gosto. Prefiro Noel Rosa e sua "Com que roupa?", Chico Buarque e a "Noite dos Mascarados", o bloco "Doido é tu" e assistir ao desfile da Mangueira na Sapucaí.
São quatro dias de folia (às vezes cinco, seis, uma semana, meses) que abrem a cena para cada um dar vazão às suas fantasias. As máscaras e as fantasias que adornam possibilitam a catarse, o extravasamento daquilo que é reprimido em função das regras civilizatórias. Podemos pensar o Carnaval como uma brincadeira, um sonho no qual Eros aponta na linha de frente em um potente ato político demarcando como a cultura de um povo é uma maneira de trabalhar contra a guerra.
Sigmund Freud, em seu texto magistral de 1929 "O mal-estar na civilização" disse que nascemos com um programa inviável que é atender aos nossos instintos, mas o mundo não o permite. Isso significa que desde o início temos que conviver com a frustração. O mundo não é como gostaríamos que fosse, as pessoas não são como gostaríamos que fossem. Ninguém tem tudo (nem o Elon Musk). Ninguém é tudo para o outro. Aliás, se alguém disser: "você é tudo pra mim", corra enquanto é tempo! Ninguém preenche a falta.
Nos estruturamos enquanto sujeitos a partir dessa falta, dessa incompletude, dessa condição de desamparo. Somos sujeitos de linguagem e toda a completude é impossível. Criamos a civilização e isso aponta para um sacrifício pulsional de cada um de nós, mas como as tendências destrutivas e anti-sociais demarcam a condição humana o mal-estar é inevitável. Essa é a tragédia da condição humana.
Este ano, depois de já ter sido premiado em vários festivais ao redor do planeta, o nosso "Ainda Estou Aqui" estará concorrendo em três categorias na 97ª cerimônia de entrega do Oscar na noite do próximo dia dois de março. Com mais de cinco milhões de espectadores no Brasil, é um exemplo marcante de como a arte é resistência com toda a potência que essa palavra comporta. Antes que o republicano resolva banir a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e/ou filmes e atores estrangeiros, vamos torcer juntos por Fernanda Torres, Walter Salles e Selton Melo no filme que é uma aula de história.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.