
Psicóloga e psicanalista
Psicóloga e psicanalista
Dividida em quatro episódios, a minissérie britânica "Adolescence" lançada recentemente, já tornou-se o programa mais assistido na plataforma Netflix em todo o mundo. Para quem não assistiu, a série aborda angulações da cena contemporânea de jovens, relações familiares, uso das redes sociais e as consequências de um crime praticado por um adolescente de 13 anos.
No primeiro episódio os policiais arrombam a casa da família Miller e levam o adolescente Jamie suspeito de ter cometido um crime brutal — esfaquear Katie, uma garota que estudava na sua escola. Ao ser interrogado, ele nega, insistindo não ter feito nada. No segundo episódio os policiais visitam a escola onde o jovem estuda a fim de tentar descobrir mais informações sobre a vida do suspeito, sobre a arma do crime.
Gostaria de destacar aqui o terceiro episódio no qual uma psicóloga vai ao encontro de Jamie a fim de construir um laudo pericial. Um dos efeitos dessa entrevista foi levar o adolescente a mudar sua declaração admitindo ser culpado do crime.
A postura da profissional é diferente de uma entrevista feita anteriormente com o jovem por outro psicólogo com o mesmo propósito. O que acontece entre Jamie e a psicóloga não se caracteriza como psicoterapia ou psicanálise mas esse encontro, essa entrevista claramente tem uma orientação psicanalítica que afeta e causa no jovem momentos de raiva quando a conversa aborda a relação dele com as mulheres e em um segundo momento quando a profissional questiona o jovem acerca da masculinidade.
No último episódio o foco são os pais e a irmã do adolescente.
O que essa minissérie explicita é algo do que já estamos assistindo há muito tempo. Jovens capturados pelas redes sociais, por discursos e imagens esvaziados de conteúdo, uma apologia ao ódio às mulheres, relações familiares esgarçadas, pais e mães desbussolados. Urge que cada um se faça a pergunta: o que temos a ver com isso? Essa série deveria ser exibida nas escolas e um amplo debate ser aberto para que os adolescentes pudessem falar, mas, sinceramente, não penso que as escolas topem essa sugestão.
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