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As agressões, os chutes e a demonstração de superioridade
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.

Sara Oliveira comportamento

As agressões, os chutes e a demonstração de superioridade

A ação diminuiu, acua, reduz, empurra aquele corpo contra o chão ou uma parede. Enquanto o autor, de pé, tem total controle para continuar agredindo.
MC Ryan SP agrediu a mãe da sua filha (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação MC Ryan SP agrediu a mãe da sua filha

Quando li as notícias e vi as cenas em que o MC Ryan chuta a namorada e mãe de sua filha, vieram à tona diversas outras imagens em que mulheres estão no chão, ou em uma posição indefesa, e um homem as agride absurdamente. Isso é constante, dentro das casas, no meio da rua, na frente de todos. São imagens da vida real onde os corpos das mulheres são, para alguns homens, vulneráveis, atacáveis e descartáveis.

No caso recentemente midiatizado, a agressão aconteceu dentro de um closet. A vítima está de joelhos no chão, de calça e sutiã. O homem, só de short, aparece dando um chute com a perna direita. Ela levanta os braços. Em outra imagem, ele se prepara para jogar uma mala na namorada, quando um outro homem surge e, aparentemente, impede a ação.

A cena, infelizmente, está na memória de muitas meninas e mulheres. É comum viver, ver ou conviver com casos em que homens, em suposto estado de fúria, atacam violentamente mulheres, derrubam, puxam o cabelo, chutam, numa clara demonstração de poder, superioridade e intenção em humilhar e desconsiderar o valor do outro indivíduo, a mulher. 

Numa breve busca na memória noticiosa no Ceará - que já registrou, neste ano, 16 mil casos enquadrados na Lei Maria da Penha - recordei de uma foto de 2022, em uma das avenidas mais movimentadas da Aldeota, bairro de classe alta de Fortaleza. Um homem chuta e puxa os cabelos de uma mulher que, deitada no chão, não consegue revidar.

Também lembrei do vídeo, de 2023, que mostra um servidor público de Antonina do Norte, no Interior do Estado, expulsando uma mulher de casa e, quando ela já estava saindo, de costas, ele a chuta.

Dois anos antes, o Brasil ficou chocado com a violência registrada por câmeras instaladas dentro de casa que mostravam o que o também DJ, Ivis, fez com a esposa na frente da filha deles e de outras pessoas. O chute, mais uma vez, é demonstrado como uma das ações mais violentas e neutralizadoras contra a vítima. A ação diminuiu, acua, empurra aquele corpo contra o chão ou uma parede. Enquanto o autor, de pé, tem total controle para continuar agredindo. 

Saindo das paredes da violência doméstica dentro dos espaços privados, lembro do chute que um policial deu em uma mulher, no meio da rua, na frente de uma policial. A vítima agredida gritava e tentava, desesperadamente, acessar o familiar que estava sendo colocado dentro da viatura.

A violência de gênero deriva da concepção, ainda impregnada em nossa sociedade, de que homens são superiores, o que os leva a subjulgar, controlar, humilhar e agredir mulheres de diferentes formas. Com chutes, especialmente. Estimula um modus operandi cruel em que raiva e força são utilizadas como forma de confirmar essa superioridade. E na grande maioria dos casos, as mulheres, atônitas, não conseguem reagir, resultado do medo e da culpabilização. 

Se você precisar denunciar ou de ajuda: 

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)Rua Teles de Souza, s/n - Couto FernandesContatos: (85) 3108 2950 / 3108 2952

Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade Contato: (85) 3101 7926

Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - PiratiningaContato: 3371 7835

Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III Contatos: 3384 5820 / 3384 4203

Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)Rua Coronel Secundo, 216 - PimentaContato: (88) 3102 1250

Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José BarretoContato: (88) 3561 5551

Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro Contato: (88) 3581 9454

Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa TeresaContato: (88) 3102 1102

Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)Av. Lúcia Sabóia, 358 - CentroContato: (88) 3677 4282

Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos MonólitosContato: (88)3101-7918

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.

Telefones para informações e denúncias à Casa da Mulher Brasileira:Recepção: (85) 3108 2992 / 3108 2931 – Plantão 24h

Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108 2950 – Plantão 24h, sete dias por semana

Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108 2966 - segunda a quinta, das 8 às 17 horasDefensoria Pública: (85) 3108 2986 - segunda a sexta, das 8 às 17 horas

Ministério Público: (85) 3108 2940 / 3108 2941, segunda a sexta, das 8 às 16 horasJuizado: (85) 3108 2971 – segunda a sexta, das 8 às 17 horas

Casas da Mulher Cearense: idealizadas a partir do exemplo da Casa da Mulher Brasileira, as Casas da Mulher Cearense oferecem serviços semelhantes para a atender mulheres em situação de violência. O espaço é dividido por blocos, com setor administrativo, Delegacia de Defesa da Mulher, Tribunal de Justiça, atendimento psicossocial, Ministério Público, Defensoria Pública, apoio, auditório, pátio interno, brinquedoteca, refeitório, vestiários, depósito, estacionamentos e áreas de jardins e passeios.Além dos órgãos de atendimento, as Casas oferecem cursos de capacitação profissional dentro da Promoção da Autonomia Econômica, alternativas de abrigamento temporário e espaço infantil para as crianças que estejam acompanhando as mães.

O atendimento acontece 24 horas, todos os dias da semana.

Casa da Mulher Cearense de Juazeiro do NorteEndereço: Avenida Padre Cícero, 4501, São José, Juazeiro do NorteTelefone: (85) 98976-7750

Casa da Mulher Cearense de SobralEndereço: Avenida Monsenhor Aloísio Pinto, s/n, Cidade Gerardo CristinoTelefone: (85) 99915-3463

Casa da Mulher Cearense de QuixadáEndereço: Rua Luiz Barbosa da Silva – Planalto Renascer, Quixadá

Foto do Sara Oliveira

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