
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
Jornalista, Professora, Empreendedora social, Mestre em Educação (UFC). Nesta coluna Cidade Educadora, escreve sobre os potenciais educativos das cidades, dentro e fora das escolas
Eu me lembro de que eu chorava, copiosamente, quando ele chorava de fome no berço. Amamentei inúmeras vezes com o rosto lavado de lágrimas, sentindo muita dor, apertando os cueiros entre dentes Eu sabia que era necessário e fundamental, mas eu sempre pensava que não estava certo: ele, tão amado, ser nutrido pela dor.
Não me faltaram leituras pré-parto, preparação das mamas, cursos para gestantes, tutorias de pega correta no Youtube, mas é quando o bebê chega, com o jeito todo particular dele, que o aprendizado acontece. Tive dois processos de amamentação muito distintos: meu primeiro foi extremamente doloroso, cheio de culpa, machucada pela inabilidade de amamentar, pela mastite, por opiniões tão inconvenientes. Ainda assim, foram mais de sete meses amamentando.
Meu segundo processo foi bem leve: segui meu instinto, pedi ajuda logo nos primeiros dias, usei protetor de seios para amamentar (de plástico, sim!), ouvi bem poucas opiniões, complementei com fórmula quando foi preciso (ele tinha 3 meses e 22 dias quando foi para a adaptação na creche porque minha licença-maternidade acabaria em alguns dias. Ah, a sociedade que não aprendeu ainda acerca da importância das maternidades e dos primeiros 1000 dias do bebê…). Doei leite materno. Amamentei por dois anos.
Hoje, eu sei: valem muito mais rede de apoio (muita ênfase à rede de apoio!), segurança e confiança em si, descanso, leveza na condução do processo, alimentação materna correta, pouca atenção às opiniões e muito amor, paciência e entrega ao tempo do bebê e ao vínculo que se estabelece com ele, do que qualquer outra coisa, para que a amamentação dê certo, se ela tiver que dar certo.
Neste mês em que se celebra a amamentação, sim, é preciso enaltecer que o leite materno é o melhor alimento para os bebês. Desde as primeiras gotinhas, nas primeiras horas do recém-nascido, há nutrientes de fácil digestão para o organismo do bebê que o protege contra infecções.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), amamentar, além de nos ajudar a formar a percepção da maternidade e a fortalecer vínculos, reduz para a criança o risco de sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2, leucemia e síndrome de morte súbita infantil. Para a mãe que bem amamenta, diz a OMS, também há grandes ganhos, como a redução do risco de diabetes tipo 2, de câncer de mama e de câncer de ovário.
Precisamos insistir com amor, paciência e ajuda profissional para que a amamentação dê certo. Mas eu estou aqui também para dizer às mães que não conseguem amamentar que a sua criança não vai ser menos inteligente, esperta, curiosa, feliz e bem-sucedida na vida porque não foi amamentada. Há vidas incríveis sem leite materno. Amamentar não é só pôr o bebê no peito e ele já sugar com perfeição não. Há uma série de fatores que interferem nesse processo. Porque amamentar passa também pelo contexto em que a mãe está inserida, pela saúde mental dela, pelas circunstâncias de tempo e de espaço adequados.
A sociedade em que vivemos, em vários aspectos, compreende bem pouco o tempo sagrado mínimo da amamentação. E é importante que nós, mães, não tragamos para si tanta pressão, incompreensão e injustiça. Pagamos um preço muito alto pela culpa da impotência, que nos devasta e nos oprime. Como dizia o pediatra e psicanalista inglês Winnicott, enquanto mães dedicadas e amorosas, já somos suficientemente boas para os nossos filhos.
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