Carioca de nascimento, mas há décadas radicado no Ceará, Sérgio Rêdes — ou Serginho Amizade, como era conhecido nos campos —, foi jogador de futebol na década de 1970, tendo sido meia de clubes como Ceará, Fortaleza e Botafogo-RJ. Também foi técnico, é educador físico, professor e escritor. É ainda comentarista esportivo da TVC, colunista do O POVO há mais de 20 anos e é ouvidor da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado
Craque voltou ao Santos, em exercício de humildade nesta fase da carreira. Ele é símbolo de uma era em que os treinadores buscavam marcadores, e ele apanhava por mostrar que drible ainda ganha jogo
Foto: Divulgação/Santos FC
Neymar entrou na segunda etapa da partida
Diante da falta de perspectiva que a seleção brasileira oferece é natural que haja uma crescente torcida pró-Neymar. Mesmo antes da sua volta para o Santos, jogadores como Ronaldo Fenômeno, Romário e Zico já tinham dado entrevistas enaltecendo sua (possível) presença na seleção.
Tenho uma revista Placar de outubro 2012 que mostra a fotografia de um Neymar seminu e crucificado, a imagem e semelhança de Jesus Cristo. No conteúdo da matéria, uma crítica dizendo que o maior craque da época era um bode expiatório em um esporte onde se joga sujo.
Lembro que ele surgiu fazendo sucesso num momento em que os técnicos preferiam marcadores a jogadores criativos e a presença de um menino mirrado e atrevido distribuindo uma sequência de dribles desconcertantes levava os adversários ao desespero.
Mesmo apelando para as faltas não conseguiam marcá-lo. Seu narcisismo, expresso nos dribles desmoralizantes, impunha uma superioridade que tirava os adversários do sério. Irritados, perdiam a cabeça e se vingavam chutando o que aparecesse na frente.
Debochado, frágil e com um corpo fino de moleque, sabia que não era negócio o corpo a corpo com o adversário. Então, quando alguém o acertava, rolava no chão como se estivesse sofrendo um ataque epilético. Passou a ser conhecido como cai-cai. O apelido deve ter ferido a sua alma.
Como se ele fosse o único a explorar esse comportamento, sempre muito admirado e cantado em verso e prosa pelos escritores, esportistas e comentaristas como um recurso do nosso jogador e estimulado por gerações se gabando da malandragem do brasileiro.
Os mais novos não viram, mas na década de 1970, o armador da seleção brasileira era o Gérson, que fumava muito e foi escolhido para fazer propaganda de uma determinada marca de cigarro. Após uma longa baforada Gérson dizia: "Seja como eu, que gosto de levar vantagem em tudo".
Querer levar vantagem em tudo não é um bom caminho. Não me parece que a volta de Neymar para o Santos seja como a do filho pródigo da Bíblia. Por outro lado, humildade e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Deve ficar em paz para a alegria do futebol.
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