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Memórias perdidas e memórias guardadas
Foto de Sérgio Rêdes
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Carioca de nascimento, mas há décadas radicado no Ceará, Sérgio Rêdes — ou Serginho Amizade, como era conhecido nos campos —, foi jogador de futebol na década de 1970, tendo sido meia de clubes como Ceará, Fortaleza e Botafogo-RJ. Também foi técnico, é educador físico, professor e escritor. É ainda comentarista esportivo da TVC, colunista do O POVO há mais de 20 anos e é ouvidor da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado

Memórias perdidas e memórias guardadas

Colunista lamenta o histórico incompleto de resultados de Clássicos-Rei, enquanto relembra títulos que conquistou por Fortaleza e Ceará, sobre o maior rival
Léo Condé e Vojvoda: planejamento para duas competições distintas (Foto: AURÉLIO ALVES/O POVO e Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: AURÉLIO ALVES/O POVO e Mateus Lotif/Fortaleza EC Léo Condé e Vojvoda: planejamento para duas competições distintas

David Barbosa envia para mim números do Clássico-Rei. O primeiro jogo foi realizado no dia 17/12/1918 e o Ceará ganhou de 2 a 0, com gols de Walter Barroso e Enoch. Foram 612 jogos e não se sabe exatamente o número de vitórias, derrotas ou empates.

Ele e o Eugênio Fernandes, outro cobra no assunto, já reviraram a cidade de cabeça para baixo e não encontraram os resultados de sete jogos. Seis deles foram realizados no período de 12/11/1922 a 17/5/1928. O sétimo foi no dia 21 de maio de 1936.

Portanto, caro leitor, qualquer estatística anunciando números definitivos do Clássico-Rei pode estar equivocada o que é lamentável porque deixa uma lacuna na memória da cidade. E como dizem os poetas do samba: "Povo sem memória vira fantasma de si mesmo".

É real o comentário de que o resultado de um Clássico-Rei não depende apenas de, no momento, um clube estar melhor que o outro. Eles vão sempre buscar forças dentro de si mesmos e continuam a escrever sua história, que vai passando de geração em geração.

A Dona Sueli, mãe do Ícaro, meu genro, vai a todos os jogos do Fortaleza com um vestido novo feito por ela nas cores vermelho, azul e branco. Outro dia, fui visitar um alvinegro de carteirinha. O filho recém nascido sugava o leite de uma mamadeira com o escudo do Ceará.

A energia que emana desses milhares de torcedores é que sustenta a temperatura da rivalidade. Vale dizer: joguei o Clássico-Rei! Os fatos me vêm a memória como se estivesse na frente da televisão. Toco na minha imaginação as teclas play, pause, rewind, play.

Dimas, na época quarto zagueiro do Ceará, vai sair jogando. Consigo tomar a bola e dou um passe para Amilton Rocha, que havia se deslocado da ponta direita para o centro. Amilton chuta rasteiro, a bola bate numa saliência do terreno e engana o goleiro Hélio. Fortaleza campeão de 1973.

Tabelei com Zé Eduardo na intermediária do Fortaleza. Zé Euardo sofreu falta. Da Costa se aproximou e pediu para bater. A bola passou por cima da barreira, descreveu uma curva bateu no travessão, nas costas do goleiro Cícero, que havia voado nela e entrou. Ceará campeão de 1975.

 

Foto do Sérgio Rêdes

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