Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Chico Preto tinha pressa de encontrar quem lhe emprestasse 200 reais para liquidar a derradeira prestação dum gadinho que comprara a conhecido criador da região. Tentou ver inicialmente com o colega André, que desculpou-se todo.
- Ô, Chico! Foi mal! Ainda devo uma geladeira à Mesbla, do casamento com Nanosa.
- Entendo... Quem poderá, então?... Ah, me lembrei! Dr. Alvim, ele tem! Véve sobre a carne seca!
- Rapaz, peraí!!! Se eu fosse você não...
Nem bem ouviu André ponderar sobre não-sei-quê, Chico sai vexado em busca do ricaço, crente de obter o empréstimo. Só tinha um probleminha: André acabara de pedir 300 contos ao dito Dr. Alvim, que concordou em ceder-lhe a quantia para pagamento em um mês, "por nossa amizade". E ele já se preparava pra pegar a grana quando Chico Preto chegou. Que fez André: ligeiro telefonou para quem lhe ia ceder os "trezentim" e azedou o leriado.
- Dr. Alvim, meu amigo, cuide!!!
- Que foi, homem?
- Chico Preto tá já chegando na sua casa pra pedir 200 reais emprestados! O cabe véi tá devendo a Deus e a seu Raimundo!
- E é? Pois deixe ele comigo!!!
Chico Preto era aguardado por um Dr. Alvim "altamente interessado em sua honrosa chegada". Médico grita pra Chico, distante 25 metros:
- Amigo Chico, foi Deus que te mandou aqui! Querido, me empreste 200 reais!!!
- Aaaaaarre ééééégua!!! - disparou Chico Preto.
Zé de Joana, esperto, saiu do bairro onde morava e, bem distante, para não ser reconhecido, começou a pedir doações - alimentos, roupas usadas em bom estado de conservação, brinquedos e até dinheiro - "para as crianças pobres do bairro de Fátima". A população humilde, compadecida, repassava de boa-fé os itens requeridos, na medida do possível. A brincadeira começava a render bons frutos quando Zé, em certo endereço, se deu mal. "Uma secreta intuição me dizia que ali eu ia me lascar". Tocou a campainha, apareceu um senhor barbado, calvo, rosto familiar.
- Que é que tu quer? - já despachando o
Zé pedinte.
- Vim pedir uma ajudinha!
- Pra quem?
- Pras crianças pobres do bairro de Fátima!
- Rapaz, é impressão minha ou você... Quem são essas crianças? - desconfiado, o homem.
- ... as minhas, doutor: a Judite, o Marivaldo, o Carlito e o Titico!
Um gênio que Deus colocou na comunidade para iluminar os caminhos de quem não foi aquinhoado com tanta categoria. Era Raimundo Juvenal Trajano, de batismo, comerciante de mão cheia. A "Bodega do Juvena", tal como se lia na placa de neon, a mais sortida da região - do pneu de bicicleta ao pirarucu salgado, da goma fresca ao caderno Avante. Os negócios iam muito bem, quando por lá apareceu um sobrinho doutor, formado na cidade, estudioso de marketing, perito em contabilidade e administração de empresas, gestor de pessoal, o cão por dentro das moitas em leis. Impôs:
- Tio, bora dar um plus no estabelecimento!
- Como assim, João Asdrúbal? Tá tão
bonzim assim!
- Seja um Bill Gates do Centro-Sul, tirando o 'Juvena' do nome da bodega.
- Pra botar o quê?
- Bote Juvenal, seu nome de guerra! Completo! Basta acrescentar o L!
- Tu é muito abestado! Se eu botar o L, vão pensar que é o L de Ltda.. E limitada é a tua massa encefálica!
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